O grão dos 16mm, a luz, as cores, o enquadramento. Bruxelas nunca esteve tão bonita como neste trabalho de Eva Giolo, que numa delicada homenagem a Chantal Akerman, nos leva tanto por locais sossegados que noutro momento estariam cheios: uma plataforma do metro, um cinema, um museu.
Ela abre um mapa sobre a mesa — e estamos nas ruas de Bruxelas. Ela brinca com uma bóia — e somos levados para o interior de uma piscina pública. Ela encosta um objecto cónico ao ouvido — e surge um plano da ruidosa plataforma do metro em ponto de fuga. Ela estica uma fita métrica ao longo do braço — e no interior de um ginásio alguém exercita um plié. Stone, Hat, Ribbon and Rose é todo ele construído num jogo de associação de ideias entre pequenas vinhetas onde mulheres interagem com objectos sobre um fundo azul, e imagens das ruas e lugares de Bruxelas, funcionando as vinhetas como vasos comunicantes, em permanente jogo visual e conceptual. Neste passeio por Bruxelas, movimentos mínimos animam os seus planos fixos de ruas que amanhecem, de interiores de museus, bibliotecas e cafés ainda vazios, e de tantos outros lugares urbanos por excelência. Um belíssimo e lúdico filme que se abre continuamente aos nossos sentidos. (Cláudia Marques)