Um casal tenta algo que em vez de abrir a relação a novas possibilidades acaba por criar um distanciamento entre os dois, tornando-se difícil pensar que não se tornará permanente. Ao regressarem de um ida para fora de Nova Iorque, afastam-se e um deles tenta desvendar o que sente.
Uma viagem a Vermont paira sobre um casal, como uma assombração. Todos perguntam como correu, se a paisagem era bela, se o ambiente era romântico, se foi divertido e relaxante. Os dois rapazes dão respostas curtas e secas. Claramente algo se passou em Vermont, mas isso pouco importa. Joseph Barglowski, o realizador, interessa-se mais pelas consequências emocionais desse fim-de-semana, supostamente idílico, e de como a partir daí se gera uma fricção naquela relação que lança cada um dos rapazes em direções diferentes (e para corpos diferentes). A súbita instabilidade daquele momento que, não sendo de ruptura, é de flexão, serve para que Barglowski construa um retrato de uma cidade (Nova Iorque), de uma comunidade (queer) e de um ambiente (tenso e frio). Vermont assume-se, então, como uma sinfonia urbana soturna, onde a fotografia em 16mm (e as sequência remorativas em Super-8) se funde com uma direção de atores anti-psicológica (há aqui algo dos “modelos” de Robert Bresson), para daí produzir um retábulo melancólico de uma geração. (Ricardo Vieira Lisboa)