Um olhar sobre uma comunidade na região mais remota da Rússia, onde a vida dos locais está ligada a uma cadeia de alimentação que envolve criaturas como morsas e baleias, onde as condições agrestes impactam o sossego dos cemitérios ou implicam a aparição de um urso.
O título do filme remete para uma doença, conhecida como histeria do Ártico, que afecta as populações do Extremo Norte, semelhante, nas suas manifestações, ao xamanismo. No entanto esta palavra foi criada por observadores externos à região, não existe na língua local e é muitas vezes rejeitada, assim como o conceito de doença, pelos Chukchis, povo indígena desta região perto do Mar de Bering no Oceano Árctico. O filme consegue transpor esta ambiguidade para o espectador. Os realizadores observam o dia a dia do povo Chukchi em condições extremas. Não julgam. Observam. Os rituais, hábitos, tradições. A identidade e respiração do povo Chukchi. A força, violência e intensidade das imagens e da vida que vemos é perturbadora. Não conhecemos este mundo. A ambiguidade passa para o olhar externo do espectador. (Carlos Ramos)