O título remete para uma táctica de protesto que visa obter resultados pelos meios mais eficazes. Um retrato de uma importante comunidade em França, que agrupa activistas, anarquistas, agricultores e pessoas consideradas eco-terroristas pelo governo francês. Esta comunidade já sobreviveu a várias investidas que a arrasariam, tendo ainda criado um movimento focado nas alterações climáticas. O filme vem mergulhar no seio das pessoas que compõem a comunidade.
Os processos fílmicos são feitos de reações químicas com a luz que acabam por produzir a imagem na celulóide. É deste abismo entre o que se filma e o que é visto, a grande potência de DIRECT ACTION de Guillaume Cailleau & Ben Russell. Rodado em S16mm, os realizadores documentam através de um processo íntimo e imersivo, parte do cotidiano de um importante coletivo de ativistas que ocupou um território contra a expansão do aeroporto nos arredores de Paris. O retrato das ações diretas do grupo se expandem para absolutamente todos aspectos de suas vidas, desde o preparo do pão até uma longa noite de vigia. Ao propor um elogio ao tempo alargado em oposição aos processos de vida ultra-mecanicistas, Cailleau & Russell atingem através de uma simplicidade gritante um profundo retrato sobre um ativismo que reflete aquilo que se pensa e o que se faz. (Lucas Camargo de Barros)