A Competição Nacional regressa ao IndieLisboa com 8 longas metragens e 18 curtas, num equilíbrio saudável entre cineastas que regressam ao festival e outros que por cá se estreiam. Esta secção celebra este ano um número recorde de títulos a concurso e um conjunto de cineastas particularmente vibrante, bem como um gesto de questionamento permanente da história — e do país — através de uma expressão artística explícita.
Destacamos duas estreias mundiais, Banzo, de Margarida Cardoso, que acompanha um médico de uma plantação numa ilha tropical africana que terá de curar um grupo de serviçais “infectados” pelo Banzo, a nostalgia dos escravos; e O Melhor dos Mundos, de Rita Nunes, um drama passado em 2027 sobre um casal de cientistas frequentemente em pólos opostos, conflito posto à prova numa noite em que dados analisados por Marta apontam para uma probabilidade muito alta de um enorme sismo poder atingir Lisboa.
Ainda nesta secção, Diogo Costa Amarante apresenta-nos Estamos no Ar, cuja protagonista diz que não sente nada, mas sonha com o polícia que se mudou recentemente para o apartamento ao lado. O que todas as personagens parecem partilhar é a dissolução dos seus desejos no ar. Em Contos do Esquecimento, Dulce Fernandes questiona o papel de Portugal no tráfico transatlântico de africanos escravizados a partir de achados arqueológicos recentes em Lagos, no sul de Portugal.
Nesta edição, também há uma estreia de secção: a Rizoma. Esta secção apresenta um conjunto de filmes que pretende trabalhar questões relevantes da actualidade, cineastas de renome, e ante-estreias. Um programa mobilizador e que oferece uma perspectiva crítica sobre o presente em torno do cinema como reflexão e debate.
Rizoma é o lugar do encontro e da celebração dos filmes em conjunto com o grande público do festival.
Impossível não mencionar a exibição única em Portugal de All of Us Strangers, o emocionante romance queer de Andrew Haigh que contou com seis nomeações para os BAFTA e unanimidade total em relação às prestações de Andrew Scott e Paul Mescal. Também merecedor de destaque, tal como aconteceu na última edição da Berlinale, é No Other Land, um filme de um colectivo palestiniano sobre a destruição que Israel consegue causar na sua tentativa de ir ocupando maiores faixas de terreno. O filme sublinha ainda a aliança singular que se estabelece entre um jornalista israelita e um activista palestiniano. Finalmente, A Besta, de Bertrand Bonello, alia romance e distopia destacando Gabrielle (Léa Seydoux), uma mulher que vive numa sociedade futurista que abomina emoções que exaltem os seres humanos.
A secção competitiva Novíssimos é para cineastas jovens e emergentes, no sentido de experimentar o cinema e não necessariamente de idade e de escola.
Aqui há espaço para diversidade temática e formal, numa selecção que cobre várias expressões artísticas, desde registos documentais como Conseguimos Fazer um Filme até narrativas mais clássicas, como o coming of age Chuvas de Verão, o cinema experimental de Anima, a animação feminista de Clotilde e até o videoclip Sunflowers – A Strange Feeling of Existential Angst.
O arranque do festival é feito com I’m not everything I want to be, filme sobre Libuše Jarcovjáková, a “Nan Goldin da Checoslováquia”, e o ambiente sufocante vivido depois da Primavera de Praga de 1968. No encerramento, Dream Scenario, de Kristoffer Borgli, que regressa com esta nova comédia negra e acompanhado de Nicholas Cage. Dream Scenario vê um professor de biologia perfeitamente banal a surgir nos sonhos de muitas pessoas ao ponto de se tornar famoso e, depois, ao ponto de se tornar infame.
Todas as longas da Competição Nacional têm legendas descritivas.
Ainda podem comprar cadernetas em Early Bird aqui até amanhã ou podem aguardar a abertura da bilheteira já no dia 9.