Entre 23 de Maio e 2 de Junho, o IndieLisboa regressa para inundar a cidade de Lisboa com as mais recentes estreias e novidades do cinema contemporâneo nacional e internacional.
O festival ocupa novamente as principais salas de cinema de Lisboa (São Jorge, Culturgest, Cinemateca Portuguesa, Ideal, Fernando Lopes), espalhando-se também por jardins, piscinas, universidades e outros locais e com mais surpresas para revelar em breve!
Por enquanto, desvendamos um pouco do que vai acontecer em três das nossas secções: IndieMusic, Boca do Inferno e Smart7.
Para uma maior aproximação ao teen spirit, o IndieMusic apresenta dois ícones internacionais
contemporâneos que, ao mesmo tempo que reinventam estilos musicais, assumem posições queer em nesses mesmos contextos musicais. Esta ambición desmedida leva-nos ao mundo de pop flamenco melancólico de C Tangana e Lil Nas X: Long Live Montero mostra-nos um hiphop hardcore em rosa punk e queer.
A destacar ainda a presença de filmes portugueses que recuperam artistas e estilos musicais produzidos em Portugal. Um desses exemplos é o filme documental As Fado Bicha do célebre duo que assina um estilo musical de fado queer, implicado politicamente.
Também viajamos pelo mundo do experimentalismo musical português, dando destaque ao multifacetado artista Ricardo Martins com a curta-metragem Ricardo Martins: Ressoar, que explora o processo criativo do seu último álbum e mergulha na produção nacional de música experimental e exploratória, conhecendo as principais entidades que assinalam estes movimentos vanguardistas.
Por sua vez, Sur La Stre Nuro, Na Corda Bamba, é um convénio artístico com alguns nomes como Adriana Sá, Joana Sá, Jonathan Uliel Saldanha, VON CALHAU!, Rafael Toral. Por último, Com Amor, Medo é uma curta sobre a banda 5ª Punkada constituída por artistas com deficiência, que usam a música como veículo para “fazer barulho” na sociedade.
Continuamos pela aceleração do punk, post-hardcore e rock, e recuperamos bandas que marcaram os anos 80 e 90 pela exibição de We are Fugazi from Washington DC, feito a partir de imagens de arquivos dos seus seus próprios fãs e que capta a energia crua e selvagem dos seus concertos, e de Mutiny In Heaven: The Birthday Party, um filme que se debruça pelos primórdios post-punk da carreira de Nick Cave.
Ainda, e com maior alarido, Louder Than You Think persegue e aprofunda o trabalho e vida do tempestuoso e intenso baterista dos Pavement. Regressamos aos clássicos com o documentário June, o qual homenageia o talento da música e cantora June, geralmente conhecida pela sua parceria e matrimónio com Johnny Cash.
Mergulhamos, depois, de forma épica na vida e história do cantautor Paul Simon em In Restless Dreams: The Music of Paul Simon. E, finalmente, o filme mais divergente dentro da secção é Soundtrack to a Coup d’État, um documentário de investigação com montagem ao ritmo do jazz para explicar o contexto político do movimento independentista do Congo.
O IndieMusic prepara ainda um programa especial de celebração dos 50 anos do 25 de Abril: Canção, Intervenção e Revolução. O destaque vai para o filme 25 Canções de Abril, com a estreia de uma cópia que resulta da digitalização 4K realizada pela Cinemateca Portuguesa a partir de uma cópia de época de 16mm. Esta é uma oportunidade rara para ver o registo do espetáculo realizado no Coliseu do Porto, em 1977, que juntou um elenco importante de cantores, poetas e compositores, entre os quais Adriano Correia de Oliveira, José Carlos Ary dos Santos ou Carlos Paredes.
Nesta secção vai também passar Mama Africa, sobre a vida da cantora e militante Miriam Makeba, voz fundamental nos movimentos de independência das colónias africanas, na luta contra o racismo e a pobreza e na promoção da justiça e da paz.
Nas bocas do mundo, colocamos também uma das nossas secções mais queridas: a Boca do Inferno, que conta com o apoio da FILMIN para esta edição de uma das mais desafiantes e entusiasmantes programações do festival.
A Boca do Inferno traz-nos os filmes mais recentes de horror, thriller, e gore. No entanto, o programa não se tranca nas temáticas de terror e expande-se também pelo humor, cultivando a habituação a uma cinefilia dark, sarcástica e absurda.
Dos filmes já confirmados, destacamos Late Night with the Devil, de Cameron e Colin Cairnes, e Cobweb, de Jee-Woon Kim. O primeiro filme leva-nos à gravação perdida de um episódio de Halloween de um talkshow de 1977, onde as entrevistadas são uma parapsicóloga e uma rapariga que aparenta ser a única sobrevivente de um suicídio em massa de uma igreja satânica. Dentro do tema, o segundo traz-nos uma comédia sobre um realizador (interpretado por Song Kang-Ho, protagonista de Parasitas) que resolve aprisionar os censores do seu filme até que consiga fazer a sua obra-prima.
Rotting in the Sun, de Sebastián Silva, é uma comédia que lida com o encontro entre o realizador e um famoso actor numa praia gay, até que o realizador desaparece contribuindo para a escalada da tensão dentro da narrativa do filme. The Royal Hotel, de Kitty Green, acompanha a mudança e o novo trabalho de duas raparigas na Austrália, explorando a sua a relação tóxica com este novo espaço, bem como com as pessoas que o frequentam.
L’Empire de Bruno Dumont, mistura de forma sarcástica uma invasão ao planeta por forças interestelares numa localidade balnear francesa onde nada fora do comum costuma acontecer. Menos conhecidos do grande público, mas com muito para oferecer, estão as estreias nacionais de Steppenwolf de Adilkhan Yerzhanov (Cazaquistão), que reivindica um estilo Western Mad
Max, mas muito mais bruto e muito mais violento. Exibe-se, ainda, a comédia sarcástica Le Vourdalak, de Adrien Beau, que se inspira num conto de Aleksei Tolstoi para nos trazer uma história vampiresca que nos apresenta um monstro que é uma espécie de fantoche.
Por fim, e ainda de mencionar, as curtas-metragens confirmadas: Sweet Juices de Will Suen e Sejon Im, Fishmonger de Neil Ferron, Birds Whose Legs Break Off, de Dirk Verschure, Transylvanie, de Rodrigue Huart, e The Lovers, de Carolina Sandvik.
A rede SMART 7 apresenta a segunda edição de um programa de competição europeu, resultado da colaboração entre sete festivais de cinema europeus apoiados pelo programa MEDIA da Europa Criativa da UE. Esta rede lançou uma secção competitiva que inclui sete filmes de cineastas emergentes de cada país membro. Estes filmes, empenhados em alargar os limites da narrativa e da expressão cinematográfica, serão exibidos em cada festival SMART 7 e avaliados por um júri composto por estudantes universitários de cada país. O filme vencedor receberá um prémio de 5.000 euros.
Esta secção irá circular em itinerância pelos 7 festivais de cinema Europeus ao longo de 2024, tendo começado na semana passada com o Festival Internacional de Cinema de Vilnius (Lituânia), seguindo depois para o Festival Internacional de Cinema IndieLisboa, e logo depois para Festival Internacional de Cinema FILMADRID (Espanha), para o Festival de Cinema da Transilvânia IFF (Roménia), para o Festival New Horizons (Polónia), para Reykjavik IFF (Islândia) e, finalmente, em Novembro, a secção termina no Festival Internacional de Cinema de Thessaloniki (Grécia) para revelar qual o filme premiado entre os SMART7.
A representar a Lituânia está a segunda longa-metragem de Tomas Vengris, Five and a Half Love Stories in an Apartment in Vilnius, Lithuania, que recebeu o prémio de Melhor Filme na competição Rebels with a Cause no Tallinn Black Nights IFF. A história segue cinco hóspedes que vivem uma crise de amor num AirBnB em Vilnius sem saberem das histórias que se passaram entre as mesmas paredes e debaixo dos mesmos lençóis.
De Portugal, e já estreado no Festival de Roterdão, chega-nos uma comédia sobre uma jovem estudante brasileira que precisa de renovar a sua autorização de residência em Portugal: Greice, de Leonardo Mouramateus. Natatorium, de Helena Stefansddottir, é um drama de suspense vindo da Islândia, que também teve a sua estreia mundial em Roterdão e em breve será exibido no SXSW Film and Music Festival. Neste filme, acompanhamos a adolescente Lilja, que visita os avós afastados e acaba por descobrir um segredo obscuro.
O filme grego The Summer with Carmen, de Zacharias Mavroeidis, conta a história de dois melhores amigos que recordam os acontecimentos do último verão na praia queer. O título foi exibido no Mumbai IFF e nomeado para o prémio Queer Lion no Venice IFF. O road movie delirante On The Go, de Julia
De Castro e Maria Royo, foi escolhido pelo FILMADRID espanhol. Em Locarno, o filme ganhou a Menção Especial do júri de jovens, cativados pela sua narrativa cheia de música, onde a estrada e a amizade aliviam a desorientação causada dos protagonistas pela liberdade enganadora do início do século XXI. It’s Not My Film é um filme polaco que terá a sua estreia mundial na rede Smart7. A longa-metragem de estreia de Maria Zbaska é uma história cheia de humor sobre a luta pelo amor, em que um casal tentará reparar uma relação em que nem tudo está perdido. Também em estreia, a segunda longa-metragem da dupla de realizadores romenos Gabi Sarga e Catalin Rotaru, Where Elephants Go, onde seguimos a amizade entre uma rapariga com uma doença terminal, a sua mãe que faz malabarismos com o emprego e um jovem sem interesse no que a vida tem para oferecer.
Agora, damo-vos música até às próximas revelações!
