Um emissário da Coroa perde-se num floresta. É acolhido por uma família que espera um pai que temem morto, até que uma figura envolta em morte surge, dizendo ser o aguardado patriarca. Surge o mito de uma figura vampiresca e a sua concretização no seio desta família junto da qual se encontra o nosso insuspeito Marquis d’Urfé. Artifício e teatralidade são as linhas que cosem esta fascinante adaptação do primo folclórico do vampiro, o vourdalak dos Balcãs.
Numa atmosfera ora sombria, ora burlesca, acompanhamos um Vourdalak em forma de
marionete. Originalmente escrita por Aleksey Tolstoy, parente distante do autor de Guerra e Paz,
a história de Vourdalak deixa-nos igualmente inquietos com a singular presença desta figura
que transforma uma família já esquisita em algo ainda mais sinistro. Percorrendo caminhos
menos explorados da ficção, este conto apresenta-nos uma família que espera o seu patriarca.
Porém, o que recebe não é o pai que conheciam, mas sim uma figura vampiresca, enraizada
num mito em que poucos ainda creem. O impasse aprofunda-se quando as vítimas deste ser
incomum tendem a ser justamente os que lhe são mais próximos. Adaptada agora para o
cinema por Adrien Beau, esta história mergulha os espectadores num suspense entre o horror
e a tragicomédia, questionando a natureza dos laços familiares e os limites do real. (Jéssica
Pestana)