Um filme totalmente sarcástico que nem por isso deixa de ter momentos incrivelmente comoventes. Contado em modo reminiscente do mockumentary, sem o ser, Rotting in the Sun começa por ser sobre um realizador com ideações suicidas, uma tendência para a tomada de ketamina e um encontro que pode ser tanto amoroso como carreirístico com a personalidade do instagram Jordan Firstman. Mas tudo dá uma volta e a culpa é de um sofá.
Uma praia paradisíaca, quetamina e poppers a rodos, sexo aos pontapés…e mesmo
assim Sebastián Silva está aborrecido de morte. Interpretado pelo próprio realizador,
numa versão metaficcional, o protagonista deste filme é um jovem cineasta
potencialmente suicida, alimentado numa dieta explosiva de ambições desmedidas,
vídeos virais e citações de Emil Cioran. Juntamente com a sua empregada doméstica e
uma celebridade das redes sociais, Sebastián vai viver uma série de enganos e
mal-entendidos, num filme que vai ficando progressivamente mais ansioso. Self-aware
e altamente crítico de uma certa classe artística demasiado cínica e ensimesmada para
o seu próprio bem, Rotting in the Sun é uma comédia ácida queer subversiva, que
recupera a energia aventureira dos primeiros filmes do realizador chileno, como o
alucinado Crystal Fairy & the Magical Cactus. (Bruno Pereira)