Duas amigas escapam aos seus problemas partindo num cruzeiro-em-festa. Quando desembarcam na Austrália, a falta de fundos para conseguirem continuar viagem leva à necessidade de um trabalho temporário. Desembocam ambas numa aldeia, no meio do nada, uma sociedade pequena composta por homens mineiros, aborrecidos e dedicados ao álcool. Elas ficam umas semanas, a servir ao bar. A tensão cresce entre as forasteiras e os locais.
Movido a álcool, pó e paranoia, The Royal Hotel pode evocar o outback australiano de
clássicos como Wake in Fright, mas a proposta aqui é politicamente mais pertinente e
astuta: duas jovens amigas norte-americanas a viajar pela Austrália aceitam trabalhar
num pub remoto, a servir uma cidade mineira. Maioritariamente frequentado por
homens, o ambiente no pub é marcado por sexismo casual, piadas misóginas e
hostilidade velada, e as jovens lidam com isto de forma distinta – Hanna está inquieta;
Liv acha que é normal. O filme, que podia facilmente descambar num exercício
classista e vazio, é habilmente dirigido por Kitty Green, que explora a tensão
psicológica e as microagressões do dia a dia no pub de forma exímia. Um thriller
feminista urgente. (Bruno Pereira)