A realizadora toma posse, pelo acaso de uma compra pela internet, de um rolo de película de 16mm de uma família desconhecida. Este filme torna-se numa investigação, através de uma perspetiva pós-colonial, recorrendo a ferramentas digitais e às pistas que o filme oferece, para desconstruir e investigar a origem do material e o contexto socio-político e histórico que o circunda, nomeadamente o Apartheid na África do Sul.
O primeiro filme da artista plástica brasileira Janaína Nagata nasceu na sequência de uma compra pela internet feita ao acaso de uma misteriosa bobine de película de 16mm É neste mundo virtual onde estas imagens analógicas serão examinadas e questionadas. A investigação desenrola-se em plano-sequência num desktop, seguindo as pistas e os sinais encontrados nas imagens deste filme de arquivo privado e anónimo em diálogo com a Wikipedia, Google Maps e os outros arquivos digitais e públicos. Perante o olho questionador, as placas, os rostos e os detalhes de paisagem dos registos quotidianos de uma família branca na África do Sul revelam, de um jeito e numa linha do tempo particular, a história do Apartheid. (Anastasia Lukovnikova)