António Carlos Fontoura realizou, em 1974, este filme de terror queer que, entretanto, se tornou num objeto de culto (agora apresentado em cópia restaurada). A Rainha Diaba (protagonizada por Milton Gonçalves, 1933-2022) é quem controla, dos bastidores de um bordel, o crime organizado da cidade. De sombra mate nos olhos e navalha pronta a dominar (pernas ou traidores), a sua autoridade sobre o cartel vai ser posta em causa e o romper da guerra é iminente.
Rio de Janeiro, Brasil, anos 60. A Rainha Diaba, negra, travesti, é quem manda no mundo marginal das bocas de fumo e nos antros de prostituição. Mas rapidamente o domínio cru e deslumbrante da Rainha será disputado, e o glitter misturar-se-á com sangue. Com pose e firmeza, o filme surpreende pelos seus personagens multifacetados que não cabem nos padrões habituais. O filme de culto de 1974, dirigido por Antônio Carlos Fontoura, será apresentado na sua versão restaurada em 2022, ano da morte do protagonista, Milton Gonçalves. Um marco na representação trans, o filme está de volta às grandes telas para ser recontextualizado e colocado no seu lugar no futuro do cinema queer. (Anastasia Lukovnikova)