Eva Beling pega em 100 anos de história do cinema sueco para levar o espectador numa viagem a partir de uma perspetiva queer, revelando os retratos de pessoas gay e transgénero até aos dias de hoje. A viagem cinematográfica começa com Mauritz Stiller, atravessa Greta Garbo, Mai Zetterling, Ingmar Bergman e a sexploitation dos anos 1970 até ao cinema contemporâneo.
Eva Beling que, no passado havia realizado obras sobre os actores e actrizes no universo fílmico de Ingmar Bergman, lança-se com este Prejudice & Pride — Swedish Film Queer numa investigação acerca da representação da homossexualidade na história do cinema sueco. Na senda de The Celluloide Closet (1995) a partir do clássico livro homónimo de Vito Russo, activista pelos direitos LGBT, o filme de Beling não é tanto uma aula de história do cinema, mas uma sintonização com um olhar mais afinado para o cinema de um país que, através dos realizadores, personagens e actores queer, nos mostra uma luta, por vezes subterrânea e persistente, pela liberdade sexual e identitária. Em Prejudice & Pride, as dezenas de excertos de arquivos de filmes (de Vingarne de Mauritz Stiller, de 1916, filme pioneiro no retrato de um amor gay, até ao cinema contemporâneo) dão a esta obra uma eloquência visual e dinâmica que raras vezes se observa neste gesto de inquirição do arquivo e do passado. (Carlos Natálio)