Nos meados dos anos 1960, na Côte d’Azur, em específico Hyères, decorre o Festival Internacional du jeune cinéma. O festival termina no início dos anos 1980 e a sua história é agora contada através de imagens de arquivo que mostram os realizadores que por lá passaram (de Akerman a Carax), a imprensa, a caótica audiência. Um retrato de um festival e de uma cultura cinéfila. Um dos diretores foi o português Rui Nogueira, que estará presente na segunda passagem do filme.
Os festivais de cinema são como os seres vivos e, inevitavelmente, nascem, crescem, são felizes, reproduzem-se, envelhecem e morrem. Uns, por questões de genética ou metabolismo (leia-se, financiamento e envolvimento cultural), têm uma esperança de vida maior, outros, menor. Yves-Marie Mahé conta-nos, exclusivamente a partir de materiais de arquivos (reportagens e filmes), a história do Festival International du jeune cinéma, em Hyères, na Côte d’Azur. Em menos de duas décadas, o certame deixa de ser o símbolo da efervescência do cinema moderno (e do espetador engajado) para cair na irrelevância artística e cultural. No entanto, o que ali se passou ficou para a história! Um modo de ver e mostrar cinema “diferente”, que promovia o encontro e o debate (com os filmes, e com os espetadores). Numa escala nacional, o mesmo se poderia fazer com o Festival de Cinema da Figueira da Foz, epicentro de uma movida cinéfila nacional que se esfumou. Fica o desafio! (Ricardo Vieira Lisboa)