Um filme que visita Kinshasa, numa altura em que a República Democrática do Congo, em geral, e a cidade, em particular, estão envoltos em turbulência. O foco do filme é a construção de uma central elétrica, ao mesmo tempo que a cidade está com dificuldades de acesso a electricidade, sendo as noites, metaforicamente e não só, bem mais escuras. O que vem ao de cima é tanto a inconformidade como a resistência desta população, muitas vezes através da força da fé.
Como é que, concretamente, filmamos a ausência de luz? Rising Up at Night é uma espécie de desafio e uma experiência imersiva única. Makengo filma discussões em contra luz, com silhuetas a aparecer na tela. Às vezes, isto é apenas uma tela preta. Mas é também um filme sobre a luz, mesmo frágil e trêmula. A das lanternas apontadas para o crânio como se a cidade estivesse no coração de uma caverna. Mas também luzes mais surpreendentes: as artificiais das guirlandas das ruas, tiaras multicoloridas. São os fogos de artifício que aparecem, os relâmpagos que cortam o céu. “A alegria é trazida pela luz”, ouvimos durante um sermão, e a busca pela luz torna-se realmente uma questão divina.
Rising Up at Night é sobre como vivemos e como sobrevivemos. Como viver num filme de desastre, quando as inundações aumentam o infortúnio. Como demonstramos uma força vital impressionante? O que podemos ver sob o céu estrelado? O que revelam as primeiras manhãs azuis? A vida cotidiana segue seu curso e se, implicitamente, o filme diz algo político, isso nunca é expresso frontalmente. (Michaël Gaspar)