Ao ver este filme urge pensar se o que estamos a ver é mesmo o auge do ser humano e se é, não obstante a piscadela de olho, temos de pensar duas vezes no que queremos fazer quando sairmos da sala. São apresentadas pessoas — que vivendo numa realidade quase-igual-à-nossa — que tentam passar o seu tempo, juntas, contando histórias desanimadoras sobre os seus trabalhos. Filmado com uma câmara de 360 graus e adaptado ao cinema, a inquietação emana deste filme.
É compreensível que o espectador se sinta perdido. Será convidado a um universo mutante que provoca uma observação imaginativa pelos corpos do Taiwan, Peru e Sri Lanka – estes espaços são reconhecíveis mas precisam de ser interpretados, já que o dispositivo que os grava é uma câmara 360º. Somos conectados a uma rede sem fronteiras, de relações tanto físicas quanto virtuais, de um mundo partilhado e que está constantemente próximo do fim. Mas esse fim nunca chega – e por isso é um caminho paciente até à extinção. The Human Surge 3 é um teste ao nosso papel de observante-observado, porque em última instância, ficamos com a sensação de que poderíamos ser nós a ser representados no filme seguinte de Eduardo Williams, com a nossa busca de formas de passar o tempo numa vida centrada no trabalho. (Bianca Dias)