Uma metáfora da condição feminina que pensa nas mulheres como flores cultivadas para se manterem um sistema pré-estabelecido. Até que a semente de algo possa abalar o status quo.
Toda a gente sabe, toda a gente espera: as raparigas nascem e crescem como flores. Todas as estações, pequenas sementes são plantadas em seus respetivos vasos, donde cresceram formosas donzelas, regadas, podadas e protegidas até estarem prontas para se apresentarem à sociedade. Lá fora, os cavalheiros jogam críquete, caçam raposas a cavalo e as galinhas continuam a pôr ovos todos os dias, faça chuva, faça sol. Nesse jardim, onde as ervas daninhas são pisadas e arrancadas e os arbustos mantém-se aparados ao milímetro, uma jovem curiosa e uma mulher mal-amada são enroladas numa perversa feira de vaidades que serve de fachada para uma ruína estrutural muito mais perigosa. (Joana Mosi)