Um filme que se debruça sobre uma comunidade que vive das existências mais invisíveis para os olhos da sociedade: as de mulheres numa prisão, aqui no Chile. Num gesto temerário, as imagens que vemos foram captadas clandestinamente, através de telemóveis, um objecto proibido. Entre a pobreza e a saudade, o que se transmite e transcende as paredes que cercam as mulheres é o amor pelos filhos distantes e a força das ligações que se criam em confinamento.
Feito de materiais gravados clandestinamente enquanto estavam a cumprir pena numa das maiores prisões de mulheres no Chile, Malqueridas explora a experiência da maternidade dentro do espaço prisional.
O filme demorou mais de 7 anos a ser concluído, com uma labuta monumental na montagem e escolha entre milhares de fotografias e vídeos registados na primeira pessoa através de câmaras de telemóvel.
Registando, elas denunciam. Registando, elas recordam. Registando, elas guardam os momentos preciosos em que tinham por perto os seus filhos.
O retrato da maternidade atrás das grades em Malqueridas faz-se também através de relatos numa voz que se ouve ao longo de todo o filme. É uma voz colectiva, que narra as suas próprias vivências e as vivências relatadas à realizadora por outras mulheres nas mesmas circunstâncias.
A primeira longa de Tana Gilbert tem imagens e testemunhos de valor político inestimável, interpelando à reflexão sobre a realidade da permanência num estabelecimento prisional. Assistimos nesta obra documental à intimidade e afecto entre mulheres. No consolo mútuo, reparam a perda e a violência que é a separação dos filhos que amam. E unindo-se, estas mulheres resistem. (Alexandra Ferraz)