Um estudante de piano em Varsóvia regressa à sua cidade natal para umas férias, onde nada mudou desde a sua partida. Mas o que poderiam ter sido umas férias idílicas de reencontro com os amigos e amores deixados para trás, torna-se um confronto tenso, quando o ambiente azeda entre os jovens e os donos do restaurante de kebabs onde estes passam o tempo, exemplo da xenofobia e nacionalismo que permeiam a Polónia.
Dois irmãos pianistas unidos pelo estudo da música, são também dois jovens à procura do seu espaço num grupo tóxico masculino. Ou és igual a eles ou és escorraçado, não há meio termo. E como o que queres ser não é exactamente o que és, ou o que imaginas que és, estás tramado! Baseado numa história real e procurando trabalhar com não actores, o realizador aplica ao filme diversas variações de ritmo e história, bem ao jeito das composições musicais que pontuam o filme, como alguns nocturnos de Chopin ou interpretações de Szymanowski. Estas são as peças que os jovens estão mesmo a aprender a tocar e essa dificuldade (ou o jeito) são trazidos de forma muito interessante para o filme. A incapacidade de agir, a impotência do indivíduo face ao grupo ou o medo da rejeição tornam todas as opções difíceis para quem não se sente exactamente igual. E será que essas angústias alguma vez irão passar? Será a fase adulta o tempo de curar essas feridas? (Miguel Valverde)