Com três gerações a viverem debaixo do mesmo tecto, e na claustrofobia de uma pequena vila no Kosovo, Venera é uma adolescente com pouca privacidade ou espaço para viver a sua vida e explorar as suas emoções. O trabalho de câmara discreto traz intimidade a uma história onde crescer significa fazer escolhas.
Kosovo, início dos anos 2000. Os corpos em crescimento rápido das duas amigas, Venera e Dorina, não se encaixam na norma, já que os seus desejos não estão em conformidade com as tradições rígidas que definem a vida das suas famílias. Na sua primeira longa-metragem, Looking for Venera, Norika Sefa trabalha com actores não profissionais empurrando-os uns contra os outros em espaços fechados e apertados, tentando captar as suas emoções mais profundas. As casas onde vivem, compartilhadas por três gerações, e os tons cinza e castanhos do filme revelados pela mudança da estação, servem como ornamentos para o intenso close-up no rosto de Venera. É neste rosto que se projectam todas as emoções silenciadas, tanto de Venera, como daqueles que moldam os seus dias. Os momentos de intimidade, reflectidos nos seus olhos, revelam alguns dos segredos escondidos na escuridão do túnel. (Anastasia Lukovnikova)