Um bloco de prédios em frente ao mar é novamente ameaçado pelas forças da natureza em redor. Dois vizinhos contemplam recomeçar noutro lugar.
É inverno, a luz é diminuta e o silêncio cai como um véu azulado sobre todas as coisas, os objectos de louça filmados em claro-escuro como natureza-morta, o mar ao longe recortado por uma janela, a luz intermitente de uma sirene, que ora ilumina, ora esconde. O primeiro plano: três imponentes torres de apartamentos erguidas sobre a linha de costa, cada vez mais à mercê do mar. Há algo de fúnebre, de fim anunciado, no início deste Litoral, uma ambiência para a qual contribui muito a banda sonora, também ela permeável ao rumor do mar. Litoral encena a história de uma mulher que, forçada a abandonar a sua casa devido à erosão costeira, terá de abdicar da promessa de uma vida junto ao mar. (Cláudia Marques)