A realizadora manipula a imagem digital criando distorções corporais com efeitos ora cómicos ora aterrorizantes.
Quantas vezes pode Anna Vasof desconcertar-nos e divertir-nos em cinco minutos? Numa sucessão de quadros animados e conceptuais que são prova de uma imaginação profundamente lúdica e inventiva, a realizadora e performer manipula a realidade do corpo para o desconstruir, desmembrar, baralhar e voltar a servir. Enquanto brinca com a nossa percepção, Vasof vai trabalhando as noções de desadequação, desassociação, multiplicidade, a auto-imagem, o eu e o outro, o corpo e a máquina. O resultado é tão surrealista quanto inquietante — e, para algumas pessoas, nem sempre de fácil digestão, a julgar pelo facto de uma das suas sequências, aquela em que vemos um braço dar lugar a uma baguete que vai sendo fatiada, ter sido reportada e banida de uma rede social. Estamos, efectivamente, no reino da sugestão. (Cláudia Marques)