Um filme que acompanha um grupo de passageiros anónimos na travessia de um rio por meio de um ferry. Entre conversas para passar o tempo e o sono, o tempo esgota-se, ou suspende-se, na viagem.
Na mitologia grega, Aqueronte, é um dos rios que separa o mundo dos vivos e dos mortos e por onde navega Caronte, o barqueiro de Hades, que transporta as almas dos recém-mortos. Há neste transporte uma suspensão do tempo, um efeito semelhante ao que o cinema de Manuel Muñoz Rivas nos conduz. O rio espanhol Guadalquivir é o Aqueronte e o ferry boat cheio de carros e passageiros, que o navega, a barca de Caronte. Este filme tem dentro de si um nevoeiro espesso que nos induz um estado de sonolência e por momentos habitar o limbo da mitologia (Carlos Ramos)