23 MAIO — 02 JUNHO 2024

23 MAIO — 02 JUNHO 2024

Colecção de filmes: outsiders e o superpoder de se ser quem se é

São personagens ou universos que nos mostram que é possível existir sem se estar preso a convenções. As suas vidas, os seus imaginários e as escolhas com que ditam as suas experiências ensinam-nos outras possibilidades de ser e de praticar o mundo. Falam-nos de liberdade e de emancipação, sem nunca pedirem desculpa por serem quem são.

Com uma energia contagiante, Little Richard é a personagem principal do documentário de Lisa Cortes. Um ícone musical de força inebriante, mas também um homem de mil e uma contradições. Richard Wayne Penniman chegou a viver a sua sexualidade de forma pública, com uma exuberância rara para o seu tempo, mas o foro religioso criou a luta interna de quem existe na vontade irrepreensível de se expressar, mas sem nunca se deixar definir. O filme passa uma única vez, no Cinema São Jorge, às 19:00 do dia 30 de Abril.

Paul B. Preciado queria fazer a sua biografia, mas Virginia Woolf antecipou-se. Orlando, ma biographie politique parte da personagem de Woolf e leva as considerações do filósofo sobre o género enquanto construção social e política para o grande ecrã. A batalha constante das pessoas transgénero contada e filmada na primeira pessoa, que não esquece a poesia e o amor como razões de viver e de inventar a vida. O filme que esgotou o Cinema Ideal na sua sessão única terá distribuição em sala no final do ano.

Da Competição Nacional, a estreia na realização de Alexander David imagina um mundo que é uma ilha onde aparentemente só vivem crianças. A Primeira Idade inventa uma comunidade que se rege por rigorosos preceitos e onde a perda da inocência é a consciência de que existem outros lugares para além daquele. Este universo insólito, perdido no tempo, pode ser visto no dia 30 de Abril, às 21:30, na Culturgest, ou no dia 3 de Maio, às 17:45, no Cinema Ideal.

Amiko tem uma outra forma de olhar o mundo e isso coloca-a sempre em confronto com quem a rodeia, tornando-a numa jovem peculiar junto dos colegas da escola e mesmo da sua família. A sua forma franca e um pouco excêntrica de ver a vida contrasta com o decoro e compostura dos que vivem à sua volta, e trará alguns desafios quando o seu núcleo se depara com uma tragédia. O filme de Yusuke Morii, em estreia nacional, está a competir internacionalmente e passará uma vez mais no dia 2 de Maio, às 16:45, na Culturgest.

Negra, travesti, A Rainha Diaba é quem manda no mundo marginal no Rio de Janeiro dos anos 60. Um objecto de culto de António Carlos Fontoura, realizado em 1974, que mistura sangue no glitter quando o domínio deslumbrante da Rainha é disputado. Apresentado agora numa cópia restaurada, um ano depois da morte do seu protagonista Milton Gonçalves, o filme surpreende pelos seus personagens multifacetados que não cabem nos padrões habituais. Repete no dia 5 de Maio, às 21:30, na Cinemateca Portuguesa.

NEWSLETTER

  • TIPO DE CONTEÚDO