Um pai e uma filha separados por algo que fica por contar, mas palpável em todo o filme. As memórias são tudo aquilo a que temos acesso. Memórias e cartas que apontam para um futuro menos distante.
A passagem do tempo em casa de Mihály Fekete, nos arredores de Budapeste, mede-se pelo crescimento das plantas, pelo tom das fotografias e pelos relatos das muitas viagens da família. A casa é o espaço da memória, e para este pai é também o espaço da filha Réka, artista plástica, cujo trabalho adorna todos os seus recantos. Uma filha muito presente em todos os relatos e no enorme silêncio da sua ausência. Aos poucos vamos percebendo que pai e filha vivem distantes, mas o que o filme nos mostra é o tanto que os une. E no silêncio das bananeiras da sala de estar, descobrem-se as circunstâncias que ditam o afastamento dos dois e a ternura que circunda a sua aceitação. O amor é livre e nem sempre é tangível. A distância tem razões que o amor conhece e respeita. (Margarida Moz)