Um documentário que explora a construção de uma estrutura, nos anos 1960, projectada pelo brasileiro Oscar Niemeyer em Tripoli, Líbano. Um projecto que é visto com ambiguidade pelos locais e que é “explicado” por um registo áudio ficcionado do próprio arquitecto.
No início dos anos 60, o arquitecto Oscar Niemeyer foi convidado a desenhar a Feira Internacional de Trípoli, naquele que seria um projecto que aliava o seu estilo modernista de curvas em betão armado, inspiradas, segundo ele, pela figura feminina, com o contexto específico do Próximo Oriente Árabe. Quando em 1975 estalou no país a guerra civil, o projecto foi suspenso e permanece até hoje como um local abandonado, um extraordinário elefante branco, às portas da segunda maior cidade do Líbano. O filme acompanha um ciclista que atravessa as ruas labirínticas que circundam o enorme espaço abandonado da exposição. Enquanto as ruas do bairro vibram com as várias actividades da sua população, ali ao lado, num lugar de enorme valor arquitectónico quase não passa ninguém . Num local e noutro ouvem-se as vozes de que tem uma palavra a dizer sobre o projecto e a sua (in)utilidade, e ouve-se um Niemeyer fictício que numa viagem de comboio entre Trípoli e Paris conversou demoradamente sobre a sua relação com as estruturas, a sociedade que as rodeia, e o poder. (Margarida Moz)