Shrooms parte de um estudo científico em que se testou o uso terapêutico da psilocibina dos cogumelos mágicos para o tratamento da depressão. Partindo da premissa desse estudo, Shrooms acompanha Dan, um jovem venezuelano que atualmente vive em Lisboa, que apanha cogumelos mágicos na floresta e os distribui na cidade, para que possam ser usados por quem precisa de ajuda – como uma espécie de Robin Hood New Age – usando pombos-correio como forma de partilha.
Quando se conhece uma obra e a marca distintiva do seu autor, torna-se difícil não criar as maiores expectativas. Jorge Jácome, com a sua elegância formal, leva-nos desta vez pela via do conto onírico moderno através de cogumelos mágicos e de um rapaz incandescente. A efeverscência do efeito cogumelo transmuta-se numa história que necessita de escavar a essência do que é mágico para se encontrar o real. Este é o jogo do filme, a capacidade de nos deixar sem tapete quando as situações parecem absurdamente credíveis. E aqui reside a força do cinema de Jácome, tocante, terno, denso e exploratório. Shrooms é mais uma confirmação da sua destreza como autor, ancorado sempre na enorme Marta Simões, a sua directora de fotografia. – Miguel Valverde