Um jovem preso político, cujo paradeiro a sua família desconhece, tenta convencer um prisioneiro mais velho a passar um bilhete para o exterior.
Kudibanguela começa com uma música que ressoa outra época e outras geografias. Uma nota escrita e uma fresta de luz debaixo de uma porta. Está escuro lá dentro. Vemos um personagem que se move nesse espaço e não sabemos o que se passa. Sentimos uma coreografia de corpos. Mas há uma inquietude no ar. Algo se passa ali. O dia nasce e a luz clareia aquele lugar. Num filme assinado a três mãos por Bernardo de Magalhães (realização), Guilherme Martins (argumento) e Francisca Miguéis (produção), sente-se o conforto de uma obra maior, destemida, capaz de dirigir actores e encontrar um filme num espaço tão pequeno quanto permite o facto de ser um filme de “estúdio”. Mas a luz que emana na cela, como a luz que vem do filme, convoca o espectador para um lugar na história, tendo a capacidade para analisá-la e, ao mesmo tempo, emocionalmente criar uma sensação pela forma como se filmam os corpos e as suas expressões. E temos uma obra pujante feita por alunos do 2º ano de cinema da Escola Superior de Teatro e Cinema. Venham mais. – Miguel Valverde