Uma rapariga argentina trabalha como guarda num museu de Buenos Aires. Para passar as noites tediosas, decide prever o futuro. Entre os movimentos do dólar, uma indemnização e um novo emprego, o que sucede é uma nova paixão.
Depois de, em 2010, o festival mostrar Fuera de Cuadro (de Márcio Laranjeira), que desenvolvia um retrato biográfico de Francisco Lezama, e de no ano seguinte exibir La ilusión te queda (co-realizado por Laranjeira e Lezama, e vencedor do prémio Árvore da Vida), regressa – uma década mais tarde – ao trabalho do cineasta argentino. Em certa medida, Un movimiento extraño é o último tomo de uma trilogia composta pelas curtas realizadas nesse ínterim: La novia de Frankenstein (2015) e Dear Renzo (2016) – ambos co-realizados com Agostina Gálvez. Além de retomar o trabalho com a atriz Laila Maltz (que, em certa medida, recupera o seu papel de Dear Renzo), prossegue os mesmos retratos de uma geração às avessas com a instabilidade económica do país. Só que, desta feita, as flutuações do Peso Argentino refletem-se nas flutuações do desejo – nos outros filmes, a instabilidade monetária refletia-se na permeabilidade das noções de verdade. Diante da incerteza do capital, a fluidez dos corpos. (Ricardo Vieira Lisboa)