Uma revolução no Sudão é duplamente filmada: pela câmara imaginária de quem entrevista, e pela câmara documental da realizadora do documentário que vemos. Em ambas se reflete a urgência da violência do regime.
Uma televisão de cartão, fabricada por um grupo de jovens, entra em campo para captar testemunhos num protesto em Cartum, capital do Sudão. O espírito é festivo, os manifestantes concentram-se na cidade vindos de todo o país, a revolta está no ar e o povo clama a sua legítima liberdade. Afirma-se a necessidade de uma revolução do pensamento, de uma revolução artística, pela voz de jovens mulheres, homens e adultos, a energia contagiante faz-se em uníssono. Cartazes homenageiam os mártires, projectam-se imagens dos ataques, resiste-se sem medo, erguem-se vozes, braços, grita-se a revolução, mesmo que espreitem novas investidas militares o povo não desiste. (Carlota Gonçalves)