Um dia na vida de uma senhora idosa nova iorquina que precisa dos seus medicamentos é retratado por Sam Shainberg com toda a ansiedade e pressa crónicas que permeiam esta cidade que não dorme, numa demonstração da necessidade de sistemas de saúde universais.
Carol, de 70 anos, começa mais um dia de trabalho precário que a leva a palmilhar as ruas de Nova Iorque, quando descobre que o preço da medicação que toma para o coração duplicou. A partir desse momento, o seu dia vai transformar-se numa correria vertiginosa em busca de uma solução que teima em não surgir, por mais portas a que bata. Com uma energia que vai beber, em parte, à sua carismática protagonista (Brenda Cullerton), sempre em movimento entre as cores saturadas de uma implacável Nova Iorque, Endless Sea inscreve-se numa certa tradição do realismo social, cru, urgente e com um espírito punk. Iggy Pop (que se ouve a dada altura) empresta o título (e o tom) ao filme, ou não cantasse ele assim: “Oh baby, what a place to be / In the service of the bourgeoisie (…) / This air can’t get much thicker / Oh, the endless sea / Let it wash all over me”. (Cláudia Marques)