Juntam-se a animação e os arquivos pessoais para um recolher de memórias sobre o passado colonial português que se liberte das narrativas dominantes.
“Esta história é contada pela minha avó materna e pelo meu avô paterno. Existem milhares de outras histórias.” Dividido em três partes — “A ida para Moçambique”, narrada pela avó; “A Guerra em Angola”, narrada pelo avô; “O Retorno”, contado por ambos —, Memórias de Pau-Preto e Marfim parte de testemunhos e arquivos familiares para recuperar histórias da ditadura, da guerra e do passado colonial português, convocando a reflexão do espectador sobre as narrativas herdeiras do luso-tropicalismo e os seus vestígios na identidade nacional. São as memórias de uma geração vistas e trabalhadas por outra que se lhe sucede, através de técnicas de animação e de registos visuais variados (fotografias, cartas, colagens), resultando num objecto de uma grande riqueza plástica. (Cláudia Marques)