Um filme que abre as portas do mundo da construção civil, composto, aqui, pelas vozes dos operários imigrantes que constroem casas em breve habitadas. Vindos, sobretudo, de ex-colónias portuguesas, o elo de ligação ao país de origem é o da música, mas também o da memória.
Carolina Rosendo regressa aos Novíssimos com um filme sobre “os homens que constroem Lisboa [e que] trazem partes das suas próprias casas para o trabalho.” Neste documentário acompanhamos um dia de trabalho de imigrantes de vários países africanos de expressão portuguesa que se encontram num trabalho físico e exigente, mas que permite uma troca constante com as ideias, os sabores e as músicas que trazem de longe. De Angola, de Moçambique ou do Brasil, de Cabo Verde ou da Guiné, ou das ânsias do passado e do presente, a obra é um ponto de passagem para uma vida melhor, mais próxima da cultura e da família que ficou para trás. Há também quem venha da Ásia e ainda precise de tradutor para fazer compreender que as ambições são as mesmas, apesar dos acordes serem outros. No final do dia, já sem a poeira do trabalho, regressam às suas casas, aos sonhos ainda por cumprir. Amanhã acordarão de novo às cinco para voltar a esta casa que, por agora, também é deles. (Margarida Moz)