O filme Man of Aral replica a erosão da paisagem e o desaparecimento do Mar de Aral através de alterações químicas na própria película, confrontando temporalidades humanas e geológicas através de uma sequência de imagens distantes de um território marcado de forma perene pela atividade humana.
Man of Aral revela-nos a profusa organicidade de um mar a desaparecer numa exploratória paisagem experimental. O filme elabora-se a partir de imagens satélite do mar de Aral – mar das ilhas – na Ásia central, a partir de uma sequência digital em time lapse, transferida para película de 16mm. O processo de manipulação das imagens feita quimicamente à mão, desenvolve uma pintura viva e sonora em vibrante movimento, resultado da contaminação dos materiais. A imagem metamorfoseia-se sob a acção digital e analógica, transmutando-se num corpo imagético e sonoro único. A banda sonora de Nicolas Clair foi inspirada por John D. H. Greenwood que a compôs originalmente para o filme “Man of Aran”, de Flaherthy, de 1934. A mão humana destruidora da paisagem entra em diálogo e inspira outras mãos criadoras de uma réplica experimental e condensada de uma catástrofe ecológica. – Carlota Gonçalves