23 MAIO — 02 JUNHO 2024

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Olhar o passado e imaginar o futuro

Este ano, quando se comemora os 50 anos sobre a revolução de abril, olhamos para trás sem perder de vista o presente, com duas retrospectivas – a obra urgente de Kamal Aljafari, realizador e artista visual palestiniano; e uma homenagem às Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do Movimento das Forças Armadas (MFA), com a exibição de alguns dos filmes que foram mostrados nessas campanhas, de autores como Cinda Firestone e o Grupo SLON de Chris Marker, contextualizadas com as reportagens da RTP feitas à época, que mostram um país efervescente. 

Retrospectiva Kamal Aljafari

Até que ponto a materialidade real e figurada de uma imagem pode tornar-se uma abstração ou um espectro? A questão evoca problemas estéticos e éticos que convergem para um território tão real quanto abstrato e fantasmagórico: a Palestina. No cinema de Aljafari, a Palestina torna-se uma sombra que corre mais depressa do que o corpo de onde emana.
Ao longo de uma carreira de quase duas décadas, o realizador e artista palestiniano empreendeu uma investigação minuciosa sobre as formas e a política das imagens, sobre o que é visto e o que foi invisibilizado, entre ruínas materiais e memoriais interpoladas na sala de montagem.

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Retrospectiva MFA

As Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do MFA, projecto iniciado em Outubro de 1974 e terminado no final de 1975, tinham como objectivo fundamental a divulgação e o esclarecimento do Programa do MFA e a consolidação progressiva, com confiança mútua, da ligação Povo – MFA. Esta retrospectiva recupera alguns dos filmes, em alguns casos as cópias exibidas na altura, mostrados durante estas Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica, sempre em diálogo com o contexto criado pelas reportagens da RTP, que mostram um país expectante e esperançoso.

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Director’s Cut

Esta secção explora reflexões sobre cinema, filmes recuperados e recontextualizados, num diálogo constante entre passado e presente.

IndieLisboa Olhar o passado e imaginar o futuro

Destacamos aqui Une Chronique Américaine, de Alexandre Gouzou e Jean-Claude Taki, um filme sobre um filme de Michelangelo Antonioni que nunca chegou a existir. The Afterlight existe apenas numa cópia de 35 mm, incorporando o desgaste natural em cada passagem do filme, até se erodir definitivamente — esta será a sua 56.ª exibição, e uma oportunidade única. 

Os Homens Que Eu Tive questiona padrões culturais e o que era ou não permitido a uma mulher. O filme é um soft-core feminista, visto à época como uma ameaça moral aos valores da família patriarcal burguesa. R21 aka Restoring Solidarity recupera o movimento japonês de solidariedade com a Palestina e a causa da autodeterminação. 

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Nas curtas, o grande destaque vai para a colecção de quatro curtas que Chantal Akerman fez como parte do exame de admissão ao Institut Supérieur des Arts. O Primeiro Olhar de Chantal Akerman mostra, com uma inocência e pureza surpreendentes, a vida na cidade de Bruxelas e em Knokke, na costa belga, e incluem a irmã e a mãe da realizadora, que será uma figura recorrente da sua futura obra.

Em 1930, o ano que marcou a conversão total da indústria cinematográfica francesa ao som, Germaine Dulac realizou seis filmes mudos pós-sincronizados, concebidos para acompanhar uma variedade de gravações de música clássica e popular. A maioria destes filmes mostrava a classe trabalhadora em cenários provincianos, enquanto levavam a cabo as suas vidas quotidianas. Um trabalho da Cinemateca Francesa que recupera uma produção esquecida da pioneira do impressionismo francês. O IndieLisboa vai mostrar Celles Qui S’en Font, Ceux Qui Ne S’en Font Pas e Un Peu De Rêve Sur Le Faubourg.

IndieLisboa Olhar o passado e imaginar o futuro

A facilidade no acesso a câmaras de filmar veio mudar a relação com as imagens e consequentemente com o cinema. Atlas de um Cinema Amador: Cartografia do Descartado, de Inês Sapeta Dias e Luísa Homem, parte da estimativa de que 99% do cinema amador e de família estará perdido. É surpreendente tudo o que estes filmes revelam mas mais ainda o que fica por mostrar. Ainda sobre a ideia de arquivo, Tempos de Escola acompanha, a partir do Arquivo Nacional das Imagens Em Movimento (ANIM), o processo de identificação do espólio da Escola Superior de Teatro e Cinema, onde o realizador Francisco Torres estagiou e acompanhou Manuel Mozos enquanto arquivista.

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