O pai de Kamal Aljafari instalou, em 2006, uma câmara virada para a rua de forma a conseguir apanhar o malandro que lhe estaria sempre a danificar o carro. Nessa tentativa, filma o bairro todo, as idas e vindas dos vizinhos, as dinâmicas mundanas em sociedade. Depois da morte do pai, o realizador constrói uma narrativa através destas imagens captadas, ilustrando, narrando e contextualizando a vida em Ramla, um distrito palestiniano em Israel apelidado de “gueto”. 

Uma colagem de found footage que esbate as linhas que separam realidade de ficção, recriação de verdade. Manobras militares israelitas são descontextualizadas, conseguindo as imagens fazer pensar sobre a dupla violência de registos de guerra e a ligação entre a imagem e a realidade concreta.

Meditação e retrato familiar e pessoal. Este documentário leva Kamal Aljafari, que vive na Alemanha nesta altura, a visitar familiares na Palestina. Passeia pela Ramla da família do pai e pela Jaffa da família da mãe, tecendo a história do país com a dos pais, as memórias de 1948 com as conversas com irma dele que, como ele, também possui um passaporte israelita. 

Imagens de arquivo que sobrevoam o que é arqueológico, natural, antigo e do deserto, contrastando com o que é humano, destrutivo, cultivador, ou apenas lúdico. A face de uma geografia a mudar, visto pelo olho da vigilância aérea.