Numa periferia rural em transformação, as máquinas agrícolas devastam os campos e os lugares são assombrados por uma eterna penumbra. Das chamas, renascem os sinos que invocam a presença da comunidade.
Pela noite há camiões que circulam e luzes que pontuam levemente um território rural. Há nuvens no céu em movimento lento, há silêncio e ruídos nocturnos. Ouve-se o som de um sino e um sino vem ocupar o plano. Há labor, um fogo ardente que alimenta a fornalha e homens que trabalham. Tudo aqui é sugestivo de qualquer coisa mais. Tudo aqui parece importar, os objectos, os sinos que se erguem e soam, que comunicam com todos, com as pessoas e com os bichos. A noite reúne as gentes, transporta-nos para o que se entrevê e se ouve, uma caminhada, um fogo de artifício, a água que corre… Um mundo despertado pelos sentidos, um mundo em movimento, um mundo em suspensão. – Carlota Gonçalves