Ondina vive um amor bonito, intenso e sensual por Alexia. Até ao dia em que a namorada não volta de uma viagem à Grécia. E Ondina vê-se assombrada pelo amor que ainda sente.
Ondina é magnética e luminosa, Alexia tem uma presença de sombras. O amor que vivem é apaixonado e carnal. Mas um dia, Alexia voa para a sua terra natal, a Grécia, e não volta. Euridice, Euridice é uma variação contemporânea do mito de Orfeu e Eurídice. Se são várias as equivalências e as simbologias escondidas na sua trama, são também significativos os desvios às versões do mito original, e é com um perfeito domínio narrativo, aliado a uma montagem inteligente, que Lora Mure-Ravaud eleva esta história acima do mero exercício “académico”. O mistério é um elemento central desde o primeiro momento: o mistério que explicaria de que sombras são feitas o rosto de Alexia, o mistério que envolve o desaparecimento desta, o mistério que pauta a sua segunda encarnação. A máquina da ilusão está agora ao serviço de uma história de fantasmas e assombrações, de presenças e de projecções, de planos físicos e mentais que se intersectam. Belíssimo, belíssimo filme. (Cláudia Marques)