As férias de Verão levam Inês de volta à casa em que cresceu. No recobro recente de um luto familiar, seguimo-la no regresso à cidade onde vive. Uma onda de calor acompanha os seus passeios nocturnos.
Há em Dias de Cama um calor imenso. O calor do verão, mas também o calor da excitação de novas aventuras, de encontros amorosos, de treinos físicos, ou apenas da lida da casa. Lidar com a vida e com a morte de forma impassível não é igual a indiferença. E por isso é que este filme é tão desafiante e excitante. A montagem (um dos pontos fortes desta curta metragem) dita interpretações variadas, vincando um ponto de vista muito forte, o da sua autora. Nunca sabes o que te espera a seguir. Tal como na nossa vida, o segundo seguinte é diferente do anterior. E a adrenalina do desconhecido, no bom e no mau, é sentido através do olhar de quem contempla a morte, um jogo, o outro ou a câmara. Um enigma não se deve revelar, sob pena de perder a sua essência e é isto que quero traduzir neste texto. O filme não é para se escrever, é para se ver. (Miguel Valverde)