Duas histórias, em duas margens do Rio Tejo, que talvez não sejam tão desconexas como parecem à primeira vista.
O título é, já por si, um enigma: o Rio reporta simultaneamente para o rio Tejo, com que abre o filme, e ao Rio de Janeiro, de onde vêm as personagens principais; o labirinto, por sua vez, remete para os encontros e desencontros amorosos propiciados pela trama urbana de becos e vielas e para a própria estrutura narrativa do filme, anacrónica, fragmentária e enovelada. A beleza trágica de uma história de amor corriqueira é elevada através do um jogo em que o espectador é obrigado a atar as pontas soltas, exercício que é tão lúdico quanto perturbador. A confusão instala-se, a incerteza sobre a ordem e o sítio das coisas também e, de forma furtiva, tudo se esclarece num olhar; um olhar assombrado pela dor. Afinal, por debaixo da coloquialidade jovial de uma conversa de café germina um mal estar fantasmático. (Ricardo Vieira Lisboa)