23 MAIO — 02 JUNHO 2024

23 MAIO — 02 JUNHO 2024

Está fechada a programação da 18.ª edição do IndieLisboa

A pouco menos de um mês do início de mais uma edição do IndieLisboa, está fechada a programação. Serão 276 filmes, divididos por 9 secções e sessões  especiais, que farão o alinhamento desta 18ª edição, segundo ano consecutivo a decorrer em  pleno Verão, mas que contará desta vez com mais dias de cinema, entre 21 de Agosto e 6 de  Setembro. Num ano tão importante, como é aquele em que atinge a maioridade, o IndieLisboa  regressa à sala de cinema, confirmando a promoção de diálogo das vozes que atravessam o  festival nas suas secções, línguas e linguagens. O cinema ao ar livre  regressa também este ano, acrescentando às salas habituais do festival – Cinema São Jorge,  Culturgest, Cinema Ideal e Cinemateca Portuguesa – o Jardim Biblioteca Palácio Galveias, onde  poderemos ver cinema numa tela com o céu como plano de fundo. Também na Esplanada da  Cinemateca Portuguesa, que permanece aberta este mês de Agosto, poderão ser vistos filmes  quase todas as noites.

Da retrospectiva da magistral obra da cineasta e poeta Sarah Maldoror, pioneira do cinema  africano, ao expansivo imaginário do cinema para os mais novos no IndieJúnior e passando  pelo cinema para noites quentes de lua em quarto minguante da Boca do Inferno, o festival  aposta sempre na ousadia dos olhares mais distintos, colocando-os em conversa. O mesmo  acontece na Competição Nacional deste ano, que se junta agora à restante programação já  divulgada. São 4 as longas e 19 as curtas-metragens. Por um lado, há olhares jovens e  irreverentes, por outro reconfirmação de talento.

A começar pelas longas, está Granary Squares, primeira longa-metragem de Gonçalo Lamas,  uma estreia mundial de um documentário que quer testar estratégias do cinema estruturalista  no digital, traçando o seu ponto de vista como se se tratasse de uma câmara de vigilância  ancorada ao centro do recém-renovado distrito de King’s Cross, Londres. Segue-lhe Rock  Bottom Riser, um filme-ensaio vibrante, criado a partir de imagens de um vulcão no Havai e  que atravessa o mundo da geologia, etnografia e astronomia. A primeira longa-metragem do  luso-americano Fern Silva, encantou o Festival de Berlim, o Festival de Cinema de Roterdão e saiu vencedor do Cinéma du Réel. O trabalho do realizador já tinha estado em competição  anteriormente no IndieLisboa com a curta-metragem Notes from a Bastard Child. Também  uma primeira longa-metragem, Simon Chama, de Marta Sousa Ribeiro, explora o labirinto que  é a adolescência, e a frustração emocional que a acompanha através da gestão temporal do  filme. Estreou-se na última edição do Festival de San Sebastián. A completar esta selecção de  irreverentes, mas sentidos vislumbres, está No Táxi de Jack, da prodigiosa Susana Nobre, uma  espécie de roadmovie, onde encontramos o sexagenário Joaquim Calçada, um ex-emigrante  perto da reforma que se vê obrigado a cumprir as burocracias exigidas pelo centro de emprego,  para usufruir do subsídio. Atrás do volante de um táxi, e depois de voltar dos EUA, depara-se com um Portugal democrata, pós-revolução. Foi um dos filmes mais celebrados da secção  Fórum do Festival de Berlim.

Dentro das curtas – são 13 as que terão estreias mundiais – destaca-se um jogo de referências  e uma homenagem ao realizador Jacques Demy, em Um Quarto na Cidade, de João Pedro  Rodrigues e João Rui Guerra da Mata; um delicado filme sobre a comovente ligação entre avó  e neto em Boa Noite, de Catarina Ruivo; o belíssimo Transportation Procedures for Lovers, de  Helena Estrela, uma experiência sinestésica que contempla como se chega perto daqueles que  se ama; um filme caleidoscópico sobre o que é olhar em 13 Ways of Looking at a Blackbird, de Ana Vaz; o badalado e profundamente chocante The Shift, de Laura Carreira, vencedor de uma  nomeação para os Prémios de Cinema Europeus em Veneza o ano passado, e Tracing Utopia,  de Catarina de Sousa e Nick Tyson, uma viagem virtual pelos sonhos e desejos de um grupo de  adolescentes queer de Nova Iorque. Há também propostas divertidas de Diogo Lima, Os  Últimos Dias de Emanuel Raposo, um mockumentary sobre um apresentador fictício da TV  açoriana, Garças, um filme sobre uma rapariga que fez uma operação ao nariz, de Gabriela  Nemésio Nobre, ou ainda o interior de Portugal de Daniel Soares, em O Que Resta, entre tantos outros.

A ser divulgada está também a programação da secção Novíssimos, onde se reúnem os  primeiros passos de jovens cineastas. São 13 os filmes, que se incluem no universo do  documentário, ficção, animação e até do cinema experimental. A destacar, Miraflores, de  Rodrigo Braz Teixeira, análise entre a inocência e o que virá no futuro, Party Tattoos, um  documentário de Teresa Sandman na primeira pessoa que se concentra na celebração de  aniversários passados, Azul e Prata, de João Coroa Justino, um filme que é o culminar de sete  anos de filmagens, que captam o detalhe e o grande plano, e criam uma sinfonia de imagens,  e Noctur, de Ana Vala, onde uma câmara vagueia pelas ruas urbanas no breu da noite,  conferindo uma qualidade alienígena ao o território mostrado.

Atenção redobrada para as sessões especiais deste ano:
A começar pela sessão de abertura no próximo dia 21 de Agosto, na sala Manoel de Oliveira  do Cinema São Jorge, iniciaremos uma nova edição sob o signo de Summer of Soul (…Or, When  The Revolution Could Not Be Televised), o portentoso documentário de Ahmir “Questlove”  Thompson, conhecido como baterista dos The Roots, sobre o festival esquecido de 1969. Um  Harlem cultural, um Woodstock negro. E um sentido até já após mais uma edição, com duas  sessões quase simultâneas de Paraíso, o mais recente filme de Sérgio Tréfaut, no próximo dia  6 de Setembro na Culturgest, filme que presta tributo a um grupo de idosos que se reunia  todos os dias nos jardins do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, actividade subitamente  interrompida pela pandemia do coronavírus. Há um documentário sobre a figura de Nuno  Portas, um dos grandes urbanistas portugueses – A Cidade de Portas, de Teresa Prata e  Humberto Kzure -, um olhar sobre a escrita íntima do casal de artistas plásticos Maria Helena

Vieira da Silva e Árpád Szenes – Vieirapad, de João Mário Grilo -, um encontro entre o artista  Welket Bungué e Joacine Katar Moreira, deputada parlamentar independente – Mudança, do  actor Welket Bungué -, e O Princípio, o Meio, o Fim e o Infinito, o filme de Pedro Coquenão,  um artista multidisciplinar, que assina com o nome Batida, onde coloca dois seres, de cara  embrulhada e fora do seu Tempo e Espaço, a reflectir sobre o colonialismo, desigualdade social  e outros tópicos-chave.

Importante salientar também o programa Cinema e 5L, realizado em parceria com o novo  Festival Literário da cidade de Lisboa, Lisboa 5L, que junta cinco filmes, obras-primas do  cinema, onde é testemunhada uma adaptação, interpretação, transformação ou  documentação das cinco dimensões literárias apresentadas no reino cinemático. 2001: A  Space Odyssey, de Stanley Kubrick, é um conto. The Color of Pomegranates, de Sergei  Parajanov, poesia. Enrico IV, de Marco Bellocchio, teatro. Fahrenheit 451, de François Truffaut,  um romance. Morte a Venezia, de Luchino Visconti, uma novela.

Já nas actividades direccionadas exclusivamente a profissionais, anuncia-se a programação das  Lisbon Screenings, sessões onde são apresentados novos filmes portugueses terminados ou  ainda por terminar, e à procura de uma estreia mundial ou internacional. Nas longas metragens, filmes de Inês Oliveira, Ana Sofia Fonseca e José Filipe Costa. Nas curtas-metragens,  filmes de Diogo Baldaia, Ágata de Pinho, Falcão Nhaga, José Manuel Fernandes, Pedro Neves  Marques, entre outros.

Fazem parte dos projectos que procuravam uma estreia mundial o ano passado nas Lisbon Screenings as longas-metragens A Távola de Rocha, de Samuel Barbosa, que tem a sua estreia  mundial no festival de Locarno, nas Histoire(s) du Cinéma, e passa depois na secção Director’s  Cut do IndieLisboa, e Granary Squares, de Gonçalo Lamas, estreia mundial na Competição  Nacional do IndieLisboa. Entre as curtas-metragens, Boa Noite, de Catarina Ruivo, Cabra Cega,  de Tomás Paula Marques, e O Que Resta, de Daniel Soares, terão as suas estreias mundiais na  Competição Nacional do IndieLisboa.

As Lisbon Screenings são uma organização da Portugal Film – Agência Internacional de Cinema  Português e que decorrem durante o IndieLisboa.

A partir de dia 5 de Agosto, toda a programação poderá ser consultada e os bilhetes poderão ser adquiridos na Ticketline ou nas bilheteiras  físicas do festival.

NEWSLETTER

  • TIPO DE CONTEÚDO