Um filme de origens caseiras que estreou no festival SXSW em 2014, apresentando uma coleção de cenas de filmes de adolescentes, particularmente de 1995 e 2004 — o título é uma referência a Clueless (As Meninas de Beverly Hills), o bem sucedido teen movie dos anos 1990 com Alicia Silverstone que adapta Jane Austen ao liceu americano. A narração é de Fairuza Balk, protagonista do filme The Craft (O feitiço), e inclui uma banda sonora inédita do duo britânico Summer Camp.

O realizador só queria testar uma câmara nova e utilizar película 16mm expirada. Vendo a sua equipa sem ideias, Charlie Shackleton conta uma divertida história de família que envolve um anúncio de 1963 da Cadbury. 

Assinando passageiramente como Charlie Lyne, Shackleton viaja por uma pletora de filmes de terror (fora as sequências que de abertura e encerramento). O filme é composto por material de outros filmes (clássicos, de culto, etc.) para explorar a relação do espectador com o medo e o cinema. 

Um filme que pisa a linha esfumada entre documentário e ficção para explorar uma história que parece mais um mito que uma realidade: Caspar Salmon conta que, em 1980, foi a reunião numa ilha no País de Gales onde só estiveram presentes pessoas com apelidos com etimologia relacionada com peixes.

Um olhar sobre a Operação Scanner, nos tempos finais de Margaret Thatcher no poder, um caso onde a polícia prendeu 16 homens condenados pelo crime de filmarem comportamentos consensuais ligados ao sadomasoquismo. A sua história foi contada por todos, menos pelos próprios. 

O poeta e artista Ross Sutherland e os pais estavam a ver um episódio da novela inglesa EastEnders quando foram interrompidos, acabando por nunca terminar de ver. Este filme é um revisitar desse episódio vinte anos depois. 

Paint Drying (expressão que remete para a atividade mais aborrecida que se possa imaginar) é um protesto atrevido contra o British Board of Film Classification (BBFC), uma entidade que atribui uma classificação obrigatória a todos os filmes que queiram ser exibidos no Reino Unido, cobrando uma taxa exorbitante que pesa especialmente a cineastas independentes. Shackleton fez o filme especificamente para forçar o BBFC a estar (com a ajuda de uma campanha de crowdfunding) 607 minutos (sem áudio e com a ajuda de uma campanha de crowdfunding) a olhar para um plano estático de tinta a secar numa parede de tijolo.

Um filme que foi inspirado no Pizzagate, uma das teorias de conspiração mais absurdas que saíram das eleições dos Estados Unidos de 2016, entre Hillary Clinton e Donald Trump, e que leva Charlie Shackleton a pegar numa teoria da sua própria juventude de forma a explorar noções de cepticismo. 

Tal como nunca se provou quem foi o Zodiac Killer, também Charlie Shackleton não conseguiu avançar com a adaptação ao grande ecrã do livro The Zodiac Killer Cover-Up: The Silenced Badge de Lyndon E. Lafferty, que acreditava saber a identidade do criminoso elusivo. Mas isso não impediu Shackleton de fazer um-filme-sobre-o-filme-que-iria-fazer, numa evocação cinematográfica do género true crime. Zodiac Killer Project é imaginativo, intrigante e uma desconstrução magistral com direito ao mais belo pôr-do-sol.