FORA DE COMPETIÇÃO Um aficionado da arquitetura moderna, Heinz Emigholz viaja pela Argentina, Bolívia e Alemanha — dos matadouros de Salamone no interior da Argentina ao forum Humboldt em Berlim — para investigar a existência, ou ausência, de espaços comuns, sublinhando a ligação inexorável entre espaços e edifícios citadinos com o avanço da ideologia capitalista.
Se ao longo da sua série “Arquitectura como autobiografia” Heinz Emigholz tem explorado as obras arquitetônicas do século XX como sedimentos das concepções do mundo a partir do qual é possível ler as ideias da Modernidade e a sua forma de modelar o espaço, Slaughterhouses of Modernity funciona como uma espécie de epílogo ou apêndice teórico ao mesmo tempo que dá continuidade à série através de dois novos filmes: “Salomé, Pampa” e “Mamani, en el Alto”.
Em contraste com a predominância observacional da série o que prevalece aqui é a lógica argumentativa, mais próxima do ensaio documentário, onde o autor expõe a sua forma de entender o projecto de modernidade como um conflito entre a vanguarda artística criativa, e a sua função ao serviço da ideologia capitalista, que é inevitavelmente destrutiva.
Em Slaughterhouses of Modernity viajamos das casas para cães da rua do El Alto em Bolívia, para os matadouros construídos por Francisco Salomone na pampa de Argentina ao Fórum Humboldt em Berlim que salta e se desloca de um corte para o próximo altiplano boliviano, onde contrasta com os salões de dança do arquitecto aymara Freddy Mamani. Uma viagem sem travões, cheia de polémica e humor negro, levada pela precisão e beleza discursiva de Heinz Emigholz. (Vanja Milena)