Um filme que perscruta a ideia de “racismo suave” e como esta vem beber ao enaltecido colonialismo português. A Rosinha titular é uma nativa guineense que se torna no símbolo da primeira exposição colonial portuguesa apresentada pelo Estado Novo em 1934. Uma viagem ao passado para entender o presente.
“Apesar do esforço da propaganda realizado nos últimos anos, as Colónias são ainda ignoradas pela maioria deste povo colonizador. Há ainda muita gente que nos pergunta: para que nos servem as Colónias? Na impossibilidade de levar todos os portugueses às Colónias, procurámos fornecer a lição, trazendo das colónias o que praticamente pode contribuir para permitir a seu respeito um conhecimento exacto e consciente. A primeira exposição colonial portuguesa tem de ser a lição de colonialismo que ainda não foi dada ao nosso povo!” É este o discurso de abertura do director da exposição colonial que em 1934 trouxe aos jardins do Palácio de Cristal, no Porto, a recriação das aldeias indígenas e “exemplares” dos povos que as habitavam. Rosinha veio com ela da Guiné e está presente em vários filmes e imagens oficiais. Mas quem é Rosinha? Quem são as rosinhas históricas que nos fizeram acreditar na lição do Estado Novo e que talvez expliquem de que modo chegámos aos nossos dias a acreditar que “Portugal não é um país racista”. O filme coloca-nos esta questão no início para de seguida se perguntar “faz sentido começar o filme assim?” Ao longo deste documentário a história da propaganda fascista surge como um tenebroso espelho para onde nos custa olhar. Portugal é um país com uma História por contar, e este filme é uma belíssima forma de contrariar esse silêncio. (Margarida Moz)