A trabalhadora de uma cabine de portagem decide aliar o seu trabalho oficial a outro mais oficioso, quiçá ilegal. O que importa é o dinheiro extra porque tem um objetivo inusitado, pois deseja que o próprio filho se submeta a uma “cura gay” propagandeada por um pastor estrangeiro famoso.
Uma mãe tenta a todo o custo viver uma vida “dita” normal. Isso implica viver de acordo com os códigos da decência, da humildade e da honestidade. E que isso se aplique a si, ao homem que é o seu namorado e ao seu filho, e assim tudo correrá bem. Mas para a portageira Suellen (herdeira do nome da maliciosa víbora de Dallas), a vida não lhe corre de feição. E quanto mais tenta ter uma vida normal, mais lhe chegam por sms os vídeos que o seu filho posta no Youtube. Carolina Marcowicz não escolhe o caminho fácil. Quando Suellen avisa o seu filho Tiquinho que ele tem de ser “normal”, a sua vida dá uma cambalhota porque para o ajudar a encontrar a terapia certa de reconversão ao heterosexualismo, entra no mundo do crime organizado e todos os valores que professava antes são atirados pela janela fora. Suellen e Arauto, a dupla agora criminosa, deixa de olhar a meios para atingir os fins. Do lado oposto, o filho tem uma narrativa de coming of age, sempre do lado certo, a tentar agradar a todos até que no fim se agrada a si mesmo. Este é um filme que vive de desafios constantes por parte do espectador para ir acompanhando uma narrativa que se desconstrói, que usa os artifícios da mesma para mudar os personagens e que ao ridicularizar as suas acções, expõe a nu, os dramas da sociedade moderna das causas. – Miguel Valverde