Em Granary Squares, a nossa perspectiva é a da câmara de vigilância sobre um novo empreendimento em King’s Cross, Londres. Ao longo de uma hora, aproximamo-nos através dessa lente de uma série de momentos quotidianos vividos na praça, num zoom que se vai estreitando.
Olhar para uma praça de uma cidade e sentir o seu movimento, para as pessoas que passam, para os pequenos gestos que se trocam ou até para pequenos insectos que pululam é o que faz a câmara de Gonçalo Lamas, nesta sua estreia auspiciosa na longa-metragem. Somos convocados enquanto espectadores para um tempo que ainda nos lembramos, em que havia muitas pessoas na rua que se relacionavam entre si. O tempo anterior às máscaras. E por isso, esta câmara deambula e parece um zombie sempre à procura de um foco. É precisamente aqui que este trabalho mostra o seu lado mais experimental, conduzindo-nos numa viagem ao interior do nosso pensamento e da nossa imaginação. Vale tudo o que penso, vale tudo o que vejo, vale tudo o que sinto. (Miguel Valverde)
Gonçalo Lamas é um artista e escritor natural do Porto. O seu mais recente projeto é a performance Boeing Nº 737-800 em Fá#m, apresentada na Culturgest do Porto, em 2020. Uma publicação paralela foi lançada internacionalmente na 6ª edição da Artist Self-Publishers’ Fair, em Londres. Em 2022, a SPAM Press editará some times, zero hours, o seu primeiro panfleto de poesia em inglês. Granary Squares é o seu primeiro trabalho para o grande ecrã.