Um filme dividido em dois momentos. Num deles, um jantar que dá azo à partilha de histórias de imigrantes em Lisboa, termina com Nina a lamentar o regresso ao país de origem para um trabalho. Noutro, uma resposta indesejada a esse lamento torna-se um pesadelo.
Um grupo de amigos brasileiros conversam, animadamente, sobre episódios de roubos e enganos. A naturalidade empática dos seus testemunhos interrompe-se com uma súbita teatralização: voz posta, olhar para a câmara, iluminação frontal. Através de um desejo de visibilidade (social e narrativa), Gabriela Giffoni dá corpo a estas personagens e, depois, a um desses contos. O filme revira-se, a alegria faz-se desespero, o interior exterior e a imobilidade correria. Realidade e artifício coabitam num jogo mimético onde se encena o outro e as suas fábulas. (Ricardo Vieira Lisboa)
Argumentista, performer e realizadora.