Uma sátira da pandemia global que ainda vivemos. Este filme começa com uma sex tape que dá para o torto. Em causa está a vida e a carreira de Emi, uma professora que se vê forçada pelos pais dos alunos a apresentar a sua demissão. Contudo, Emi recusa. Recomendado para quem aprecia experiências cinematográficas transgressivas – no melhor dos sentidos.
Estamos em 2020, o mundo deixou de fazer sentido. Não para Radu Jude (Aferim!, Uppercase Print), um dos precursores do Novo Cinema Romeno e presença regular do IndieLisboa, que aproveita bem o caos em Bad Luck Banging or Loony Porn. Primeiro, oferece-nos um dicionário, um artifício literário para descrever a realidade. Poesia. Porno. Poder. Crianças. Igreja. Cona. Depois, ou talvez antes, dá-nos um contexto. Uma cidade a Oeste, um supermercado, algumas notas, um funeral, pessoas que usam máscaras e higienizam rigorosamente as mãos. Apanhada nesta teia, está uma mulher, uma professora. Um vídeo sexual caseiro seu foi divulgado online contra a sua vontade, e ela enfrenta agora um julgamento pelos pais dos seus alunos. A moral de Emi é escrutinada de uma forma que faz com que o filme de Jude seja, por sua vez, rotulado como pornografia em alguns países. O trabalho de cinema, argumenta Jude, é um espelho dos horrores da vida, mas de forma a que possamos vê-los e não ficar paralisados. Nos momentos mais desesperados, ainda nos podemos rir. Ou, em alternativa, fazer uma sextape. (Anastasia Lukovnikova)
Radu Jude é um realizador e argumentista Romeno. Estudou realização em Bucareste e começou a sua carreira enquanto assistente de realização. Em 2006, realizou a curta-metragem The Tube with a Hat, que ganhou diversos prémios. The Happiest Girl in the World (2009), a sua estreia em longa-metragem, foi seleccionado para vários festivais internacionais. Seguiram-se títulos como Aferim!, Scarred Hearts e Everybody in Our Family, que foram recompensados com prémios como o Urso de Prata para Melhor Realização em 2015, entre outros. A estreia internacional de The Dead Nation em Locarno, em 2017, marcaram o seu arranque no cinema documental. Os seus últimos filmes, Uppercase Print e The Exit of the Trains (co-realizado com Adrian Cioflâncă), estrearam na secção Forum da Berlinale 2020.