01 MAIO — 11 MAIO 2025

01 MAIO — 11 MAIO 2025

Competição Nacional: feita de vários regressos e um punhado de estreantes

A Competição Nacional apresenta um alinhamento de luxo com seis longas-metragens, 3 médias-metragens e 16 curtas-metragens, com vários regressos ao festival e um punhado de estreantes.

Em Astrakan 79, de Catarina Mourão, um homem de meia idade recorda a sua estadia de um ano e meio na União Soviética, em 1979, enviado pelos seus pais, militantes do Partido Comunista. Pelo caminho tornou-se clandestino e deixou para trás uma grande paixão, os estudos e os ideais. 

Depois de ter vencido o prémio Melhor Longa-Metragem Portuguesa no IndieLisboa 2021 com No Táxi do Jack, Susana Nobre regressa ao festival com Cidade Rabat, uma comédia melancólica sobre Helena, que aos quarenta anos se sente presa entre as responsabilidades familiares e a burocracia do seu trabalho enquanto produtora de cinema. Quando a sua mãe morre, Helena apercebe-se tristemente que se encontra a meio caminho entre o começo e o fim da vida, e isso desperta em si uma nova juventude.

Índia, a estreia de Telmo Churro nas longas-metragens, foca-se na relação entre três gerações de homens (Tiago e o seu pai, Raul, e o seu filho, Manuel) e Karen, uma melancólica turista brasileira que escreve cartas para o seu falecido marido. Juntos seguem numa jornada entre sonhos, glórias perdidas e catástrofes, ao encontro de um desgraçado herói desaparecido há muitos séculos numa ilha do Atlântico Sul.

O mito de que “Portugal não é um país racista” é explorado por Marta Pessoa em Rosinha e Outros Bichos do Mato. Em 1934, uma exposição colonial trouxe aos jardins do Palácio de Cristal, no Porto, a recriação das aldeias indígenas e “exemplares” dos povos que as habitavam. Rosinha veio com ela da Guiné e está presente em vários filmes e imagens oficiais. Mas quem é Rosinha? Ao longo deste documentário, a história da propaganda fascista portuguesa surge como um tenebroso espelho para onde nos custa olhar.

A Primeira Idade, de Alexander David, passa-se numa ilha isolada, onde vive uma comunidade autónoma de crianças que não falam, comunicando apenas por gestos. Guiadas pelos mais velhos entre eles, funcionam como uma comunidade agrária com regras e crenças rigorosas. Os adultos são banidos para os bosques circundantes, e todos os anos, o membro mais velho da aldeia é enviado para saltar de um penhasco – uma cerimónia que acreditam conferir a juventude eterna ao escolhido.

A última longa da competição nacional é o díptico Mal Viver | Viver Mal, de João Canijo. Acabado de chegar da Berlinale, Mal Viver acompanha a família que gere um hotel decadente na costa norte de Portugal. A relação entre estas mulheres só piora com a chegada da neta, que traz ao de cima anos de ressentimentos em lume brando. Viver Mal foca-se nos hóspedes do hotel ao longo de um fim de semana – responsabilidades, traições e enganos. Três famílias vivem melodramas sob a lupa de Canijo.

Destacamos ainda Dildotectónica, de Tomás Paula Marques, sobre a criação de uma colecção de dildos de cerâmica que não seja fálica. André Gil Mata regressa ao IndieLisboa com Pátio do Carrasco, adaptação do conto de Franz Kafka Um Fratricida, sobre dois irmãos e os limites do amor fraterno. Em Carmen Troubles, Vasco Araújo desconstrói o estereótipo da mulher cigana representada na ópera Carmen, de George Bizet. Os gémeos Afonso e Bernardo Rapazote estreiam mundialmente A Febre de Maria João, drama passado no século XIX, vivido num único espaço de representação, cheio de segredos que o filme desvenda habilmente.

O alinhamento completo pode ser consultado na página da secção.

A 20.ª edição do IndieLisboa arranca já no próximo dia 27 de Abril e vai ficar pelo Cinema São Jorge, Culturgest, Cinemateca Portuguesa, Cinema Ideal, Cinema Fernando Lopes e pela Piscina da Penha de França, até ao dia 7 de Maio.

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