23 MAIO — 02 JUNHO 2024

23 MAIO — 02 JUNHO 2024

Filmes Vencedores do IndieLisboa 2020

A realizadora Maya Da-Rin vence o Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa com o seu filme A Febre, um filme que explora as pressões de um modo de vida urbano e moderno. O júri da Competição Internacional galardoou ainda Victoria, de Isabelle Tollenaere, Liesbeth De Ceulaer e Sofie Benoot, com o Prémio Especial do Júri Canais TVCine. O Prémio Allianz para Melhor Longa Metragem Portuguesa foi entregue a O Fim do Mundo, de Basil da Cunha, enquanto que o Prémio de Melhor Realização para uma Longa Metragem Portuguesa foi para A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos. Enquanto isso, o Prémio Dolce Gusto para Melhor Curta Metragem Portuguesa foi atribuído a Meine Leibe, de Clara Jost. E o Prémio Novo Talento FCSH/NOVA revelou a “irreverência cinematográfica” de Bernardo e Afonso Rapazote, em Corte. O Grande Prémio de Curta Metragem foi entregue a Tendre, de Isabel Pagliai.

Palmarés 2020

JÚRI DA COMPETIÇÃO INTERNACIONAL DE LONGAS METRAGENS​
Caroline Maleville | Cristina Nord | Mamadou Ba

Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa – 15.000 Euros

A FEBRE
Maya Da-Rin, Brasil / França / Alemanha, fic., 2019, 98’

“O júri do concurso internacional atribui o prémio principal para A FEBRE da realizadora Maya Da-Rin. O filme acompanha Justino (Regis Myrupu), um homem de quase quarenta anos que trabalha como guarda no porto de Manaus, às margens do rio Amazonas. Justino é de uma comunidade indígena em algum lugar na floresta, que ele abandonou há décadas. A filha adulta está prestes a partir para Brasília para estudar medicina. Uma estranha febre se abate sobre Justino ao ouvir a notícia e, ao mesmo tempo, uma fera não identificada começa a assombrar o bairro em que ele mora. Maya Da-Rin observa o cotidiano dos personagens com paciência e gentileza. Seu filme mostra uma grande sensibilidade pela mistura particular de paisagem urbana, rio e floresta tão característica de Manaus. Também se apega à percepção de mundo dos personagens e adota uma perspectiva que excede a racionalidade ocidental, no entanto, o filme nunca corre o risco de criar um contraste simplista de modernidade versus tradição. A mise en scène de Maya Da-Rin pode parecer discreta, mas na verdade, é extremamente bem trabalhada. O resultado é um filme rico e cheio de nuances e uma exploração altamente realizada da situação difícil que os indígenas enfrentam no Brasil contemporâneo.”

Prémio Especial do Júri Canais TVCine – Aquisição dos direitos do filme para Portugal

VICTORIA
Isabelle Tollenaere, Liesbeth De Ceulaer e Sofie Benoot, Bélgica, doc., 2020, 71’

“Os documentários tendem a captar uma certa realidade. Com VICTORIA de Sofie Benoot, Liesbeth de Ceulaer e Isabelle Tollenaere, é diferente. Tem mais. Há sonhos, pensamentos, histórias e fantasias, há uma exploração de um espaço imaginário: uma corrida de tartarugas, a beleza das fontes de água em uma terra seca, buracos negros que levam a outras galáxias, um passado que pode ser um tanto sombrio, um futuro que pode conter uma promessa. O filme captura as idas e vindas diárias de Lashay T. Warren, um jovem negro de Los Angeles que se mudou para a cidade da Califórnia, um lugar enorme, embora decrépito, no deserto. Ao mesmo tempo, imerge nas ideias, sonhos e reflexões de Lashay, torna-os palpáveis, partilhando a autoria com ele. Enquanto se move pelo cenário árido, o filme evoca a história dos colonos europeus na América de uma maneira casual, e também alude à história do cinema com todas as suas buscas por uma vida melhor e sua mitologia de fronteira – e novamente, o fazem de uma forma muito subtil. O resultado é um filme rico e multicamadas, uma mistura perfeita de humildade, complexidade e beleza.”

JÚRI INTERNACIONAL DE CURTAS METRAGENS
Joana Pimenta | Jorge Jácome | Nuno Rodrigues

Grande Prémio de Curta Metragem – 4000 Euros

TENDRE
Isabel Pagliai, França, doc., 2020, 43′

“Algures, junto a um lago, enfrentamos o misteriosamente violento mundo do desejo adolescente. Este filme está cheio de palavras que criam outras imagens, e por breves momentos, três adolescentes são o centro de um mundo comprometido com a sua intimidade. Um mundo que se torna próximo para nós porque o filme encurta a distância entre um rigor formal e uma narrativa em que cada imagem esconde o segredo de uma longa proximidade, de um lugar de entendimento entre a câmara e o outro, do tempo da observação. Este é um filme cheio de vida, que nos mergulha na contradição dos afectos, em que a inocência e a perversidade são os dois pontos do mapa de um jogo em que a realizadora arrisca, chega perto, toma um lugar.”

Prémio Melhor Curta de Animação – 500 Euros

THIS MEANS MORE
Nicolas Gourault, França, doc. / anim., 2019, 22’

“Através duma coreografia hipnótica entre imagens de arquivo e outras de animação digital, o filme parte de relatos dum acontecimento trágico que transformou a história do futebol , para nos levar a refletir sobre as transformações operadas na arquitetura dos estágios e a forma como estes contribuíram para a fragilização do fenómeno comunitário no seio da classe operária inglesa.”

Prémio Melhor Curta de Documentário – 500 Euros

DOUMA UNDERGROUND
Tim Alsiofi, Líbano, doc., 2019, 11’

“Confrontados com uma situação de terror inimaginável, muitos fogem ou se rendem a considerações simplistas ou a sumários jornalísticos. O realizador deste filme, por seu lado, toma o seu posto e usa das possibilidades cinematográficas da observação, da capacidade de antecipar uma repetição, de manter o plano quando todos correm, de encontrar narrativas que vêm de uma melancólica familiaridade com um lugar, para criar um filme que corajosamente propõe e partilha uma ideia de cinema, uma possível política da imagem.”

Prémio Melhor Curta de Ficção – 500 Euros

SHĀNZHÀI SCREENS
Paul Heintz, França / China, doc., 2020, 23’

“Uma boa ficção pode ser mais do que uma “cópia do real”. O júri decidiu atribuir o Prémio de melhor Ficção a um filme que é também um documentário. Um retrato criativo e inventivo de uma indústria que questiona a ideia de originalidade e explora relações entre natural e artificial, oriente e ocidente, analógico e digital, simulação e simulacro.”

JÚRI DA COMPETIÇÃO NACIONAL
Louise Rinaldi | Michael Wahrmann | Núria Cubas

Prémio Allianz para Melhor Longa Metragem Portuguesa – 7500 Euros

O FIM DO MUNDO
Basil da Cunha, Portugal, fic., 2019, 107′

“Estes são tempos sombrios e obscuros em que vivemos. Sentimentos apocalípticos ao nosso redor. A luz não é fácil de encontrar. Um filme sobre amor e amizade que também levanta uma legenda, mas o dedo de acusação clara e direta a um sistema injusto. Por seu retrato íntimo e sincero, embora cruel, de uma sociedade efervescente que está prestes a explodir e queimar a todos nós. O prémio de melhor filme vai para O Fim Do Mundo, de Basil da Cunha e seus amigos. ”

Prémio Melhor Realização para Longa Metragem Portuguesa – 1000 Euros

A METAMORFOSE DOS PÁSSAROS
Catarina Vasconcelos, Portugal, doc. / fic., 2020, 101’

“Pela maneira muito terna e comovente de lidar com as relações paternas e maternas, o amor e a ausência. Pois é uma forma criativa de inventar sua própria biografia, brincando com imagens e ressignificando-as para seu próprio uso e memória. Para nos mostrar essa memória, é o que queremos que seja; Uma ficção baseada em fatos reais.”

Prémio Dolce Gusto para Melhor Curta Metragem Portuguesa – 2000 Euros

MEINE LIEBE
Clara Jost, Portugal, doc., 2020, 6’

“ ‘O mundo inteiro pode ser encontrado na esquina da rua’, disse o escritor russo Tolstoi. Através de um ensaio simples, mas não simplista, preciso e poético, este filme toca a vida com sentimentos profundos. A morte banal de um pequeno tomate (tomatinho) num canto de uma sala, estremeceu-nos como nenhum outro tiro durante toda esta semana.”

Prémio Novo Talento FCSH/NOVA – 1500 Euros

CORTE
Bernardo Rapazote e Afonso Rapazote, Portugal, fic., 2020, 28’

“O prémio de novos talentos será partilhado por dois novos talentos muito diferentes entre si, mas semelhantes ao mesmo tempo. Como na vida, em seu filme, eles são crianças curtindo um jogo como adultos sérios. Pelo uso lúdico de poucos recursos narrativos e pela promessa de um pulso de irreverência cinematográfica, entregamos o Prémio Novos Talentos aos irmãos Rapazote por CORTE.”

JÚRI DA COMPETIÇÃO NOVÍSSIMOS
André Miguel Ferreira | Felipe Bragança | Selma Uamusse

Prémio Novíssimos The Yellow Color + Portugal Film – 2000 Euros em serviços + promoção e venda

CONTRAFOGO
Carolina Vieira, Portugal, doc., 2020, 10′

“Por ser um filme que reúne de forma doce, bem-humorada e delicadamente crítica, sensações que atravessam este difícil ano de 2020, e que deixa no ar um sentimento de bem-estar e reflexão sobre a vida, sobre o tempo, sobre as relações familiares, e sobre o próprio sentido do cinema, o júri escolheu para receber o Prémio Novíssimos o filme CONTRAFOGO, de Carolina Vieira.”

Menção Especial

NESTOR
João Gonzalez, Portugal, anim., 2019, 6’

“Por sua imensa capacidade técnica, sentido musical e de ritmo, e por seu apuro de linguagem, o júri gostaria de destacar com uma Menção Honrosa o filme NESTOR, de João Gonzalez.”

JÚRI SILVESTRE
Paulo Cunha | Marta Lança | Pedro Borges | Alexandra Ramires | Filipe Raposo

Prémio Silvestre para Melhor Longa Metragem – 1500 Euros

EX-AEQUO

BREVE MIRAGEM DE SOL
Eryk Rocha, Brasil / França / Argentina, fic., 2019, 98’

TODOS OS MORTOS
Caetano Gotardo e Marco Dutra, Brasil / França, fic., 2020, 120’

“Celebrando a vitalidade do cinema brasileiro, num momento em que se encontra gravemente ameaçado, premiamos dois filmes que se destacam pela abordagem às complexidades históricas, sociais e raciais do Brasil. Elogiamos ainda o carácter reflexivo e a pertinência destes filmes, contra uma tendência atual de asfixiar e reduzir o cinema a uma cultura de entretenimento e de alienação.”

Prémio Silvestre para Melhor Curta Metragem – 1000 Euros

APPARITION
Ismaïl Bahri, Tunísia/ França, doc, fic. 2019, 3’

“Filme síntese sobre o próprio dispositivo filmico, onde somos convidados a olhar para dentro das imagens, nos planos projectados e revelados pela mão que nos conduz e convoca imagens poéticas entre o real e o imaginário. Vemos o que as mãos permitem, vemos o que o nosso conhecimento permite.”

JÚRI INDIEMUSIC
Joana Barra Vaz | Jorge Ferraz | Pedro Azevedo

Prémio IndieMusic – 1000 Euros

EX-AEQUO

WHITE RIOT
Rubika Shah, Reino Unido, doc., 2019, 80’

KEYBOARD FANTASIES: THE BEVERLY GLENN – COPELAND STORY
Posy Dixon, Reino Unido, doc., 2019, 63’

“O júri decidiu, por unanimidade, atribuir o Prémio IndieMusic a “Keyboard Fantasies” e a “White Riot” em ex-aequo. Ambos distinguem-se dos demais filmes em competição enquanto objectos cinematográficos e documentais. Neles imperam valores essenciais para uma co-existência em democracia na sua plenitude. Se, por um lado, “White Riot” aborda a urgente necessidade de combate ao racismo, ao fascismo e à intolerância através da colectividade social por via da música; por outro, “Keyboard Fantasies” mostra-nos uma vida plena, onde o indivíduo prevalece sereno, lutador e resiliente, em união e harmonia social, encorajando a juventude com a sua identidade musical. Os dias são de espuma e estão à porta — ambos os filmes têm a capacidade de nos inspirar e consequentemente, de transformar.”

JÚRI ÁRVORE DA VIDA
Inês Gil | Helena Valentim | P. António Pedro Monteiro

Prémio Árvore da Vida para Melhor Filme Português – 2000 Euros

O FIM DO MUNDO
Basil da Cunha, Portugal, fic., 2019, 107′

“Um filme profundamente humanista, um percurso reflexivo em torno do sentido e do valor da vida, em tempos onde crescem tiques de desprezo e exclusão dos mais frágeis. O cuidado estético das imagens, a sua montagem irrepreensível, o excepcional desempenho dos actores verdadeiramente poético, criam uma narrativa de tal forma envolvente que permite acompanhar percursos de pessoas e comunidades, nas suas contradições e aspirações interiores, cujo destino evidencia um desejo de crescimento espiritual.”

JÚRI AMNISTIA INTERNACIONAL
Ivo Canelas | Sandra Dias Pereira

Prémio Amnistia Internacional – 1500 Euros

DOUMA UNDERGROUND
Tim Alsiofi, Líbano, doc., 2019, 11’

“Em doze dolorosos minutos sentimo-nos transportados para uma realidade muito distante da nossa, lembrando-nos do quão importante é nunca parar de filmar, mesmo quando tudo à nossa volta se desmorona. A coragem de filmar debaixo destas circunstâncias e a forma objetiva, mas também poética como o realizador o faz deve ser reconhecida.”

Os Prémios do Público – Prémio Longa Metragem, Prémio Curta Metragem e Prémio do Público IndieJúnior – serão revelados no final do festival.

O festival prolongar-se-á até dia 11 de Setembro com sessões adicionais no Cinema Ideal, onde terão lugar sessões de filmes premiados, e na Cinemateca Portuguesa, com projecções de filmes pertencentes às retrospectivas de Ousmane Sembène e 50 Anos do Forum Berlinale.

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