Petre avisa a polícia de que o senhor idoso de quem tomava conta morreu essa manhã. Ao longo do caminho de volta para a casa, tenta dar conta da logística. Mas tem uma surpresa à sua espera.
A premissa é já costumeira do dito Novo Cinema Romeno: envolve uma diferença geracional, um encontro com uma figura de autoridade do estado (a polícia) e um imbróglio necro-burocrático (uma herança). Só que Marian Farcut filma a banalidade de um evento extraordinário com a secura cómica de um documentarista que descobre os tempos perfeitos do provincianismo oportunista e autoritário. Há, até, uma certa desfaçatez minimalista na estreia deste realizador que desenvolve uma mise en scène que consegue ir da máxima frontalidade ao subtil exercício do fora de campo, do plano sequência e do jogo de profundidades. A simplicidade reina, e dela brota uma comédia de enganos capaz de ludibriar a própria morte. (Ricardo Vieira Lisboa)